sábado, 3 de dezembro de 2016

Machado...Machado.




Aí que eu deixei todos os equipamentos em Machado, na casa da minha tia Lenil.  e parti de carona com uns amigos pra Brasília,  precisava pegar inúmeras coisas: cinema,  suspensão,  cartão de crédito internacional, bagageiro traseiro e dianteiro  (próprio pra suspensão)  visitar família e amigos e também dar umas voltas de bike fixa.  Fiquei pouco mais de uma semana na cidade em período de engorda, pois havia perdido quase 5kg nesses 30 dias de viagem.


Consegui uma passagem de avião pra Campinas e de lá ônibus pra Machado. Pra tia Lenil novamente.
Instalei a suspensão, fiz uma peça que havia empenado do carrinho depois de um leve acidente e peguei estrada. Fui para um destino onde não pude passar na ida: São Thomé das Letras.


Mas no caminho queria parar em Paraguaçu, distante uns 30km de Machado. Estava com a bike bem leve, apenas 33kg dividido entre os alforges, nada de carrinho reboque, deixei na casa da minha tia Lenil.
Até o sítio da minha prima em Paraguaçu foram 41km, na beira do Rio Sapucaí. Curti muito encontrar os primos que não via há mais de 10 anos, ajudar um pouco nos serviços como matar frango, plantar café... dormi 2 noites lá. No domingo saí pra dar uma volta na beria do rio, e depois de alguns minutos descendo dei de cara com um pequeno gambá, que estou na dúvida até agora de quem se assustou mais, eu ou o gambá, saímos correndo cada um pra um lado. E como era de se esperar, peguei uns carrapatos nessa pequena jornada ao rio.



Na segunda feira saí cedo, pra chegar bem em São Thomé das Letras, seriam mais de 100km nesse dia. Fui beirando o Rio Sapucaí num belo visual, muitos animais, estava uma fina garoa e um clima muito bom pra pedalar. mas logo chegou a BR491. Carretas e carretas...Mas sabia de um atalho que não tinha pego na ida pra Machado, um atalho pela terra. Segui pelo atalho beirando o Rio Verde, novamente um lindo visual, pequenas fazendas e tucanos por perto. Daí voltei a BR491, vruuummm..... vruuumm... Veste o capacete, tira os fones de ouvido. Passei novamente em frente a estátua do Pelé. 


Tive um leve desentendimento com a atendente do restaurante:
Perguntei o preço do prato: 30 reais. (mais que o dobro do que geralmente eu pago)
Eu argumentei: Poxa, estou viajando de bike, ainda vou pedalar 50km hoje, preciso comer mas não muito, você pode ver se serve menos e me da um bom desconto? 

Ela pediu pra esperar e foi falar com a dona.

Na volta ela vira e fala: pode servir.

Aí eu: Pode? Sem custo?

Ela fez que sim com a cabeça.

Fiquei felizão, pow, finalmente algum restaurante reconhece a dificuldade de fazer o que faço e me oferece um almoço, servi com um sorriso no rosto.
Acabei me empolgando e servi um pratão, de graça né...

E quando vou sentar, ela vira e fala pra eu ir pesar. Aí fui.
26 reais e uns quebrados.
Mas pera aí, repeti o diálogo que havíamos tido. Que ela hora nenhuma falou que ia me cobrar por Kg...
Perguntei se ela entendia o que era: sem custo, que havíamos conversado.
Ficou um clima bem chato, e OK, eu pago. Mas se esforce mais pra entender o que está sendo conversado.
Fiquei por umas 2h descansado, li um pouco e segui.





Parei em 3 corações, bebi um latão de skol e segui pra São Thomé.
Fiz uma parte do caminho de asfalto, mas logo fui pelo caminho de terra, mais demorado e mais bonito. Cheguei a errar a entrada, mas voltei e fui pela terra. Sabia que tinha uma subida enorme no final.
Sei que foi anoitecendo, e eu subindo, anoitecendo e eu subindo. Cheguei na cidade 10h da noite, com 106km rodados. Já tinha um lugar pra ficar, um contato no couchsurfing que iria me receber. Biro.

Ao chegar, Biro era dono de uma pousada. Mirante das Pedras.  Que surpresa! Como tinha passado por aquela no almoço, confirmei com ele se era gratuita mesma a hospedagem. Sim, era. 
Muito gente fina, mas ele estava saindo em uma roadtrip de automóvel pela Bolívia e Peru, com um senhor de 72 anos que me esqueci o nome agora. Dahora! Falei pra ele ir em Puma Punku, perto de La Paz, lugar onde ainda não fui, mas quero passar ainda nessa viagem, tá longe ainda.
S. Thomé das Letras
Após a foto, perdi os chinelos que aparecem na garupa.
Conheci um pessoal lá na pousada que também funcionava como hostel, com quartos comuns, onde fiquei. 
Fui na intenção de ficar 2 ou 3 noites na cidade, mas acabei ficando 7 dias, alternando entre dias de descanso e pedais leves para as cachoeiras do lugar, todas perto, no máximo 12km e entrada gratuita. Bem parecido com a chapada dos veadeiros a cidade, mas numa pegada mais rock-hippie, se é que me entendem. Cheguei até a fazer um hapel na cachoeira!
Fiz umas ótimas incursões no mato, chegava num pico: ia seguindo as trilhas, elas iam estreitando, eu seguia, alguns momentos largava a bike no mato, e seguia apé. Muito bom viajar sozinho.


Sei que o final de semana chegou, e com ele uma excursão de 45 adolescentes na pousada. Era a hora de ir embora. Consegui um outro quartinho pra passar a noite e saí no outro dia cedo. estava começando a gastar mais que o planejado na cidade.
Sem avisar minha prima, queria chegar em Paraguaçu no mesmo dia, mandei o velho zap e lá fui. Muita descida, e lá fui. Decidi ir somente por asfalto, caminho que já havia feito quase todo há algumas semanas atrás.


No caminho comecei a sentir um leve incomodo nas costas, mas não dei bola e nem alonguei hora nenhuma. Acabei esticando o pedal direto pra Machado, 140km. Cheguei bem cansado na casa da minha tia, tomei todos os comprimidos possíveis (BCAA,  Multivitamínico, Relaxante muscular) e dormi. Acordei bem. Mas só até passar o efeito do Relaxante. Aí vi que necessitava de cuidados. Fui à um massagista na cidade. Foi difícil achar, depois de falar com uns 4, consegui marcar com um cara expert no assunto, me alongou e tudo mais, Saí bem melhor, mas ainda com incômodo nas costas.

No dia seguinte, fui à Paraguaçu num bate e volta, pois havia esquecido minha toalha lá na ida pra São Thomé, mais 70km pra conta, e as costas incomodando. Mas precisava seguir viagem.

Destino: Douradinho - MG. 27km.
Alongando toda hora, fiz o percurso bem de boas, com a bicicleta pesando cerca de 70kg.
Ao chegar na cidade, avisto uma criança que olha pra mim e grita: Celina, ele chegou!

Estava me esperando já.
Encostei a bike na porta da casa da Celina, e puffff, o pneu furou misteriosamente. Que bom, pois deu pra chegar bem na porta.

Ao chegar a praça estava cheia, estava havendo a inauguração daqueles kits de malhação públicos, com música e solenidade. Aproveitei e fiz a divulgação do filme que iria passar mais tarde na praça.




Marquei pras 8h da noite, esse horário de verão atrapalha um pouco as projeções.
Arrumando as coisas na praça, decidi usar um hometheater do Veniulton, que mora com a Celina. Era mais potente que as caixinhas JBL que tenho.
Mas não fiquei satisfeito com a qualidade da projeção, ficou bem baixo o som, além do projetor também não segurar muito a onda, possui apenas 800lumens, quando acho que o ideal seriam ao menos 2.000lumens. Mas é o que temos pra hoje né: Play.



Ao tentar conectar o chromecast no projetor, não estava dando certo. O jeito foi inserir o USB com os filmes mesmo, o que estava evitando pois aquece muito o projetor e pode dar problema. Mas não deu.

Creche Vovó Guiomar, minha Bisa

Comecei com o curta: Procura-se. Com a praça movimentada algumas crianças correndo e brincando ficou meio difícil escutar mesmo, mas os mais interessados foram para frente e riram bastante com o filme.
O segundo seria Jeca Tatu, do Mazzaropi, mas não sei porque diabos d'água o som não saia, sem Mazzaropi então.

O segundo curta foi O filho do vizinho, não prendeu muito a atenção pois o som baixo tava foda de escutar os diálogos.

Lembrei do curta: El Empleo. (o emprego). Sem fala e com uma ótima crítica social ao trabalho.
Gostaram bastante.
O filho do vizinho em Douradinho MG

Daí as crianças que nessa altura já estavam dentro do coreto correndo pra lá e pra cá dentre os fios do projetor e do som, e eu preocupadíssimo de algum guri derrubasse tudo aquilo, estavam pedindo um filme de terror, mas como não tinha nada parecido no pendrive, coloquei o curta brasiliense Ratão.

E sempre ao final de cada curta, eles aplaudiam. ;)

Encerrada a sessão sem nenhum longa, desmontei tudo e fui dormir.


Depois choveu 3 dias seguidos, fiquei descansando na casa da Celina, agradeço muito a recepção.


Os passarinhos do Brasil 

A chuva parou, e decidi partir. Na saída da cidade, encontrei um personagem da minha infância, um dos passarinhos. Um trio de música caipira bem famoso dentre meus familiares, eles até cantavam uma música em homenagem ao meu avô Oscar.


Segui pra São Gonçalo do Sapucaí, e logo de cara passo por um atoleiro. Já não dava pra pedalar, a lama entrava entre as rodas da bike e do carrinho, e ficava muito pesado. Fui empurrando e cada vez mais pesado, notei que a roda da carretinha estava travada de tanta lama, mas não adinatava limpar, que poucos metros a diante, enchia tudo de lama de novo. Daí passa um senhor à cavalo, e me aletra que a roda estava travada. falei que sabia, mas era a única forma de seguir. Ele deu a idéia de me puxar com o cavalo, topei!
Atoleiro na saída de Douradinho
Conversa vai, conversa vem, falei dos meus avós e logo ele falou que certamente tínhamos um grau de parentesco, e me mostrou onde ficavam as terras do vô Oscar.



Passou a lama e voltei a pedalar.

Cheguei em Cordislândia, onde tenho parentes também. Almocei com eles e segui pra São Gonçalo, ao sair da cidade, tive problemas com o eixo traseiro da roda, saiu de centro e ficou raspando no quadro, parei, arrumei. Vi que o parafuso que segura no quadro estava bem frouxo, preenchi o espaço com veda rosca e pensei que ia segurar.
Cheguei em Água Comprida, onde o tio Jairo tem um sítio. Jantei, bebi e seguimos pra casa dele em São Gonçalo. 6km. Anoiteceu, foi bonito.

Chegando na casa do tio Jairo, recebi uma ligação da minha mãe.
Da forma que ela falou alô, eu já sabia o que ela iria me dizer:
- Sua avó faleceu.

Ela já estava doente e há alguns dias na UTI.
E também sobre o estado de saúde da minha prima Solange, que não estava bem.

No dia seguinte, fui ao cemitério visitar o túmulo dos meus avós maternos, no cemitério da cidade.
Vô Dedé, que eu não cheguei a conhecer e Vó Maria, que foi enterrada lá.

Na porta do cemitério tinham vários pé de cana, que ao me ver com aquela bike ficaram mexendo comigo, querendo alguma coisa. Não dei idéia e entrei. Lá dentro flagrei 2 meninos, de uns 8 a 9 anos no máximo, também me viram e ficaram me assediando, querendo alguma coisa, um trocado, um chocolate. Eles estavam lá no movimento para fumar maconha, mas também não dei idéia e os dispensei.

Deixando São Gonçalo do Sapucaí
Fiquei 2 noites em São Gonçalo e parti para Campanha. Decidi primeiro ir pela estrada de terra, logo nos primeiros kms, a roda sai de centro novamente, eu paro pra arrumar. arrumei.
Na primeira pedalada, sai denovo.
Voltei pra cidade pra arrumar essa bagaça.
Eixo traseiro com 7 cm a mais

Já fui maquinando o que precisava fazer, precisava de um eixo mais longo, pois usaria os parafusos originais do eixo pra segurar ele no quadro, e depois entrariam os parafusos já meio espanados que dão suporte à carretinha.
Cheguei na loja, pedi um eixo (8 reais) e fui pra um torneiro mecânico ali perto. Que estava de saída e tive que esperar por cerca de 1h ele voltar. Voltou e começou o serviço de alongar esse eixo. Fui almoçar para esperar. Já eram umas 2h da tarde quando ele terminou. Me cobrou 50 reais, eu achei caro, mas paguei.

Fui sair da cidade, e não achava o caminho. Estava fazendo um subidão quando para um carro do meu lado e diz: você não é daqui não né?
Respondi que não, obviamente.
Ele disse pra eu não ir por aquele caminho que eu ia sair numa boca de fumo e certamente seria roubado.
Me indicou a melhor saída, eu lá fui eu pelo asfalto, pela rodovia Fernão Dias.

 38km até Campanha - MG

Cheguei na cidade e fui direto para o bar, conversar com populares.
Conheci um sujeito que era ciclista em SP mas sofreu um grave atropelamento e tinha pino pra todo lado do corpo, agora estava aposentado e passava os dias no bar.
Consegui um hotel barato.

Recebi outra ligação da minha mãe, dessa vez eu nem desconfiei.
- Sua prima Solange faleceu.
Solange. Foi um baque muito forte, 2 mortes na família em 2 dias.
Mas a vida e a viagem seguem.

Saí de Campanha com direção à Baependi, mas cheguei em Caxambu.
70km
Sem as bolsas para fazer manutenção
No caminho comprei uma marmita e decidi almoçar deitado na rede, encostei no canto da estrada e lá passei cerca de 1h de pernas pro ar. O tempo estava virando, ia chover. Vi que talvez seria uma chuva leve e passageira. Quando começou, peguei as 2 lonas, uma cobri a bicicleta e outra me cobri. Foram uns 40min de chuva e passou. Asfalto molhado, decidi guardar a sapatilha e pedalar de chinelo. Rápido desisti. Botei a sapatilha novamente.

Por uma distração, pensei que era a cidade de Baependi, mas não era. Cheguei e me instalei.
Era Caxambu.
Adorei a cidade, com um parque das águas bem no centro, onde há uma bica para encher garrafas com uma água medicinal, dizem. Bem diferente o gosto a água mesmo.
Dormi num quarto de pensão. 30 conto.


Saí de Caxambu e fui pra Baependi, apenas 6km.
Decidi acampar, mesmo sem a barraca. Estava com a rede a as lonas.
Cheguei na cidade, comprei um PF para viagem, duas doses de são joão da barra numa garrafinha e fui acampar na cachoeira do gamarra, onde sabia que havia área de camping.
Não foi fácil achar o caminho, perguntava e ouvia coisas diferentes, quando me toquei que haviam 2 formas de chegar lá, optei pela mais simples,  era cerca de 14km da cidade, mas com os erros, pedalei um tantinho a mais.
Falando em erros, pedalei quase o dia todo, sem camiseta e sem protetor solar. No final do dia que coloquei a blusa por cima dos ombros, só pra dizer. Há consequências até hoje (10 dias depois).

No caminho passei pela cachoeira do Espraiado, onde vi uma cena bem legal, esses cavalos vinham mergulhar na água de meia em meia hora, comi metade do PF e reservei o resto pra mais tarde.

cavaloss

Chegando na área de camping, que era um bar. Não tinha onde armar a rede, ele me disse que poderia ir mais a frente, perto da cachoeira do Caixão Branco, segui. Poucos kms a frente, achei um lugar, perto da queda, comi o restante do PF e armei acampamento.



Quando era noite alta, reparei no céu muito, mas muito estrelado. Pois estava distante de cidades, resolvi tirar uma foto em super exposição das estrelas, com o tripé. Quando vi que ele havia quebrado, talvez pela trepidação ali no carrinho. Beleza, 1kg a menos na bike.

Jantei e me recolhi à rede. Bem agasalhado pois sabia que o frio vinha. Acordei umas 3h da manhã com muito frio, vesti todas as roupas que tinha, 3 calças, 3 blusas, 2 casacos, 2 gorros. E ainda estava frio, virei a garrafinha de são joão da barra e tentei dormir mais. Em vão. Liguei o GPS e ele apontava a temperatura de 4 graus positivo. Resolvi me movimentar arrumando as coisas pra partir.

Acontece que no dia anterior, eu vi que a estrada passava bem perto de onde eu estava acampado, havia percorrido um caminho bem xarope pra chegar ali, mas a estrada de carros passava logo ali em cima.
Resolvi cortar esse caminho empurrando a bike por uns 300 metros até chegar na estrada. Mas foi muito difícil pela inclinação. tive que tirar o reboque da bike e ir empurrando um de cada vez. demorei e me cansei muito. Já era dia quando comecei a pedalar. Não encontrava minhas luvas, fui sem.
Caí da bike num single track, nada grave.
Ejetei da bicicleta e saí catando cavaco morro a baixo, mas sem cair!

Pernas pro ar e youtube
Eis que 30km depois chego em Cruzília, abundante em ladeiras. Sem demora me alojei no hotel mais barato. Cheguei cedo no quarto, então deu pra aproveitar a Tv + Chromecast pra ver umas séries e entrevistas. O Canal viajar com um bichinho desses.


A igreja estava bem movimentada, era a noite de queimar os pedidos que estavam sendo depositados na igreja há tempos, tava lotada. muita gente na porta, só vi um pedacinho lá dentro.


Acordei tarde, saí da cidade era 11e meia, pensava em chegar em São Thomé das letras, 30km de muita subida. mas ao ver a placa: <--- ---="" nbsp="" s.="" sobradinho="" thom="">  S. Thomé <---- ----=""> Sobradinho.
 Escolhi Sobradinho, já sabia que rolavam umas cachoeiras e grutas.

Consegui um Big quarto numa Big pousada com um Big desconto.
Beleza: 2 dias por favor!

 
na mesma noite já montei o cinema dentro do quarto e vi um filme:
for a few dollars more.

Amanheceu chovendo, mas pela tarde parou e fui visitar uma cachoeira, nada mais.
Fui na porta de uma gruta, mas não entrei, precisava de guia e sapatos fechados.


No dia seguinte o destino era Varginha, uns 75km, onde ia pousar na casa da minha prima Ana novamente.
Gmaps me mostrou um caminho onde eu não precisava passar em S. Thomé pra ir pra lá, mas parecia que subia um morrão do mesmo jeito, sim, preferi cortar esse caminho.
Na saída, além do celular, consultei populares que me confirmaram, dava pra ir por ali.
Só terra.
Logo de cara, só subida, que não se via onde terminava.
Já fui logo empurrando.

E não parava, ficou muuuuito difícil, a ponto de quase ter que tirar o carrinho pra empurrar tudo em duas parcelas. Acho que deveria ter feito isso, mas deu preguiça e resolvi fazer muita força logo de cara mesmo.
Perdendo tração da sapatilha com o chão de pedras soltas, cheguei a bater o joelho no chão.
Enfim, vi um alívio, mas não era o fim da subida não. Num certo momento até o topo, o chão era de blocos de concretos, aqueles de 8lados, encaixados. Assim dava pra ter tração no empurrar da bike.


Cheguei no Topo.


Parei por uns minutos.



Eu pensei que iria descansar nos momentos seguintes, mas não aconteceu.
Desci muito como o imaginado, mas travado os freios,  pois o terreno ou era pedra solta ou areia, branca e fina.
Estava cruzando uma mineradora, Pico do Gavião. Com o caminho bem confuso, cheguei a me perder uma vez, mas logo achei a estrada correta e cheguei no galpão dos trabalhadores, e depois passei por dentro de uma base de treinamento do exército, até chegar no asfalto.

Era quase meio dia e eu não tinha feito 30 dos 75km, mas agora era asfalto, ramo nessa.

Passei acho que pela quarta vez em frente a estátua do Pelé, em 3 corações.

O pneu furou, traseiro. Parei pra trocar a câmara de ar, e vi que a roda não estava rodando muito solta, como se as esferas estivessem estouradas. Talvez o mecânico em S. Gonçalo do Sapucaí tenha apertado demais os cones na hora de fechar o cubo. Isso provavelmente condenaria o cubo e teria que trocar. Mas dava pra seguir, e assim mesmo fui.

E cheguei em Varginha umas 19h.
Mais uma vez muito bem recebido por minha prima Ana e dessa vez conheci o marido dela.
O músico Júlio Moura, foi bão demais acompanhar ele em algumas canções.
Acompanhar, eu fui otimista. Atrapalhar ele em algumas canções.


Saí super tarde mais uma vez, por volta do meio dia.
Foi uma pena não poder almoçar lá, mas não podia partir com a barriga muito cheia.

Foi um pedal tranquilo, parece que enfim me acostumei a fazer 70km diários sem ser desgastante.

E cheguei mais uma vez em Machado.
Fui na bicicletaria, abriu o cubo e deu pra salvar. ufa!


A encomenda que estava esperando por mais de 40 dias, chegou. Um belo de um colchão inflável, pra dormir sossegado na barraca. E irei trocar o selim. Optei pelo brooks c15, caríssimo, mas um dos melhores.
Estava em negociação com a antiga loja de bicicletas em que trabalhava, mas acabou não rolando.
Aproveitei um descontão que vi na internet desse tal de Black Friday aí, e comprei.


Em Machado por alguns dias, na companhia do meu primo Afrânio, tomando cerveja e tal. Tivemos a sacada de passar um filme aqui, nas escolas. Foi ele na real, eu tava bem estático.
Topei. Fomos à escola Dom Pedro I, onde meus pais estudaram, e conversamos com a diretora sobre a proposta do filme, prontamente aceita por ela. E Afrânio também teve uma idéia de pedirmos uma redação para as crianças. Seriam várias salas de 25 alunos, do 4º e 5 º ano. cerca de 100 crianças. Fiquei muito empolgado!

Como seriam projeções pra muitas pessoas, tive certeza que meu sistema de som não iria aguentar, então pedi pro meu tio Evaneo, sua caixa de som que ele usa para o violão.

Testei, e OK.

Iria passar apenas o curta: o filho do vizinho, do Alex Vidigal. E pedir um texto sobre o filme.

Sei que foram 5 exibições, com 30 a 40 alunos em cada uma. Primeiro passei umas fotos de antigas viagens, e os mapas. E como surgiu a idéia do Ciclocine. Abria para perguntas.
Eles começavam tímidos, levantando o dedo, mas logo estavam todos curiosos. Com exceção de uma turma, que não perguntou nada.
Me perguntaram até se eu gosto de andar de bicicleta.




Aos poucos as redações foram voltando, deu o intervalo. Lanchei com as crianças, macarrão.

Fizemos mais algumas sessões após o lanche e recolhi até agora 98 redações. Já li todas, e faltam pegar algumas da última turma que ficou pra dever de casa.
Li de tudo, de criança que escreveu 3 linhas com palavras soltas, na maior dificuldade. E uns ótimos, alguns falando de mim e das viagens, do Afrânio.



Vou destacar um trecho de uma aluna aqui:
"Fábio é um ciclista que viaja pelo Brasil todo passando vídeos para os alunos de várias escolas. Mas na minha opinião deve ser bem trabalhoso viver sua vida tipo: comer, dormir tudo dependendo da bicicleta. Mas por outro lado deve ser muito legal você conhecer o mundo todo de bicicleta." 
Aluna
Sala 5



Pois finalizo aqui mais um relato, já foram 1700km pedalados. Isso contando no velocímetro, que entra na conta até pequenos deslocamentos dentro das cidades. Financeiramente estou gastando o dobro do imaginado. E diferente das outras viagens, sem pressa.

Eu meus primos Afrânio e Afra, e meus tios Lenil e Afrânio
Meu QG em Machado
Agradeço demais!

Trajeto realizado até agora











Cordislândia - MG antigo, Paredes
Sobradinho - MG
Encontrei esses 2 fazendo um cicloturismo leve

Descendo o morro, em S. Thomé das Letras
Banho de gato em Cordislândia

Isso.





Esse álbum aqui tem mais fotos:

Um comentário:

  1. Cara, que bela história está contando e mais do que isso, está vivendo essa história, se precisar de alguma coisa estou por aqui. Abraço. Di

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Valeu!