segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mucugê - Ilhéus, fim das projeções






30 de Abril, Mucugê.
Enviei o carrinho reboque pra casa, havia muita coisa ali que não estava usando. A cozinha inteira por exemplo. A barraca, tênis e muitos outros itens. Paguei 70 reais pelo serviço. Despachei o sistema de som também, ele não estava segurando a onda, e na hora de projetar, iria pedir um som emprestado. Então saí com o básico do básico para sobrevivência e o cinema na garupa e na mochila. Tive que levar a mochila nas costas, pois minha garupa suporta apenas 9kg.
Comprei um celular, 100 reais em 2x no cartão. Se arrependimento matasse... Péssimo celular, com a bateria que dura cerca de meia hora. Mas serviu pra me comunicar com Brasília.

31 de Abril, Mucugê - Itaetê (70km, leve com mochila nas costas)
Era pra ser um trecho bem fácil, com muitas descidas e uma belíssima paisagem. Mas cheguei pregadíssimo em Itaetê, e quase sem grana. Então decidi ir logo para o litoral. Ao chegar na única pousada da cidade, após negociar um belo desconto, perguntei sobre o transporte para Iaçu, que fica uns 110km dali. E o dono da pousada disse: - Estou indo amanhã as 4h da manhã pra lá, se quiser te levo. Pronto, tinha descolado uma carona. Jantei bem, pois o dia todo não tinha comido quase nada, só lanchinhos e dormi cedo.

(perdi todas as fotos do meio da viagem, em Mucugê gravei tudo num cartão SD que eu tenho, e ele se corrompeu, vou mandar pra SP pra tentar recuperar, :/ )

01 de Maio, Itaetê - Valença (300km entre caronas e ônibus)

Às 4h lá fomos nós, eu pensava que ia só eu e ele, mas não. Era um ônibus fretado, onde ele buscou gente na cidade inteira até pegar a estrada. Chegamos em cedo em Iaçu, e fui ver se rolava de ficar por ali ou já seguia pedalando. Nem um nem outro, fui pra rodoviária e peguei um ônibus pra Santo Antônio de Jesus, tirei a roda dianteira, amarrei na bike e fui nessa. mais 100km, 20 reais.
Cheguei na cidade, montei a bicicleta, andei nem 5min por ali, e voltei pra rodoviária, peguei um ônibus pra Valença. Já estava vendo que a viagem não ia ser totalmente completada, Decidi voltar. Faltava decidir de onde. Em valença me hospedei do lado da rodoviária, com um desconto especial pro cilcoturista aqui. Mas a janta foi mais cara que o quarto. Pedi um comercial de bife. Eu coloquei um temperinho creeente que era vinagrete, mas não era, era pimenta. Nossa! que ardência! Bebi litros de coca cola.


02 de Maio, Valença - Barra de Serinhaém (78km, leve com a mochila nas costas)

Amanheceu chovendo. A Bahia toda está numa seca tremenda, mas justamente onde eu estava, amanheceu chovendo. Esperei um pouco, e assim que ela deu uma trégua, peguei estrada. Mas logo começou de novo. Coloquei as capas de chuva, e segui viagem. Mas logo decidi parar pra esperar. Parei numa marquise que havia em um portão de uma fazenda. Tirei a blusa e tirei umas fotos. Quando pensa que não, alguém aciona o portão lá de dentro da fazenda, o portão abre e derruba minha bicicleta e a mochila no chão. E logo ele para e volta. Fizeram isso de sacanagem, pra eu sair dali. Não liguei e continuei lá. Fiz um vídeo contando o ocorrido. Aí me aparece um capanga, ele tinha uma arma automática na cintura e veio dizendo: - Xispa! Xispa! Apaga as fotos! Deixa eu ver, apaga as fotos! Obedeci aquele pedido tão educado, pedi desculpas e segui na chuva com o coração batendo na boca! Com certeza era algo de muito ilícito que rolava ali.

Um sorriso antes de ser expulso pelo capanga



Abstraí e fui em direção a praia de Pratigi. Sabendo que lá seria tudo caro, consegui azarar um almoço com direito a uma lata de refrigerante numa vila um pouco antes da praia. Ao chegar em pratigi, pensei que era uma cidade, mas não era, tinha só a praia e meia dúzia de barracas. A maioria fechada. Finalmente dei um mergulho no mar!


Queria ir para barra grande dali, tinha que pegar uma balsa, mas não era ali. era em Barra de Serinhaém, distante 18km pela areia da praia. Esperei por 1h e meia a maré baixar pra poder ir pedalando pela praia mesmo. Esperei tomando uma cerveja e batendo papo. Lá pras 4 da tarde já dava pra ir. Fui.






Aí que eu percebi que tinha perdido a capa de chuva da mochila, e o tempo estava fechando. e fechou. Tive que usar minha capa de chuva do corpo pra cobrir a mochila. fui tomando chuva, mas os equipamentos estavam secos.


Cheguei na Barra de Serinhaém, onde eu já sabia que havia uma pousada. Chamei lá, falei com o dono. A diária era apenas 120,00. Conversa vai, conversa vem. pude ficar de graça. Acontece que fora de temporada quase nada abre ali, e não tinha um restaurante pra eu bater aquela esperada jantinha. Fui ao mercadinho e comprei ingredientes pra uns sanduíches. E foi essa minha janta. Aí, no meio da noite, me deu uma tremenda sede, e eu estava sem água. E lembrei: Tenho um esqueminha de cloro aqui, que é só pingar umas gotas, esperar 10min e tomar a água. AHAM! Fiz isso... Tomei a água. dali meia hora, estava botando tudo pra fora... Por todos os caminhos possíveis.
Luxo em: Barra de Serinhaém




03 de Maio, Barra de Serinhaém - Camamu (Balsa, e 37km pedalando leve com a mochila nas costas)

A Balsa estava marcada para sair às 10h da manhã, mas às 9h já estava lá. E não é que ela saiu antes... Sorte que cheguei cedo. A viagem custou 6 reais até Ituberá, e demorou umas 3h. Foi bom que fui descansando da noite mal dormida ao som daquele motorzinho (papapapapapa), bem relaxante.



A garupa estava com problemas, ficava descendo e pegando na roda, fui tentar arrumar e o parafuso espanou. Consegui outro em Ituberá, almoçei e segui viagem para Camamu. No caminho me pintei com Urucum.



Detestei a cidade de Camamu, uma grande zona e fedidda. Várias casas em ruínas e pousadinhas todas caras e nenhum desconto. Paguei 30 reais pra dormir num muquifo! Cheguei e chapei nesse muquifo. Acordei morrendo de fome umas 9h da noite, e estava tudo fechado! A cidade deserta, só bares abertos. Com sorte achei um churrasquinho aberto do lado de um complexo de bares lá. Comi 3 completos e voltei a dormir.





 

04 de Maio, Camamu - Itacaré (65km, leve com a mochila nas costas)
Encontrei 2 carros carbonizados no caminho. Um era mais recente. Logo depois, vi dois caras na beira da estrada, como o acidente era recente, perguntei pra ele se eles sabiam o que havia ocorrido com o carro (o mais recente) um respondeu assim: - Parou pra perguntar. Hehe! Dei de ombros e segui estrada. Sabia que ia ser tudo caro em Itacaré, já fui preparando o cartão de crédito. Mas pra minha surpresa, achei coisa mais barata que em Camamu por exemplo, 20 mangos a pousadinha perto da praia. Tá certo que o dono foi muito grosso comigo quando pedi desconto com o adesivo na mão. “vai ficar ou não!?!? Isso aí você vai lá na prefeitura pra eles te ajudarem!” Mas fiquei lá mesmo assim. Depois ele veio perguntar sobre o projeto, eu falei: “É um projeto com cinema.” E saí. Também sei ser grosso. Gostei muito de Itacaré, adoraria ficar lá mais tempo.... Mas pra variar, sem grana não ia rolar. Aí, que eu decidi uma coisa muito importante: Que iria voltar pra casa de Ilhéus.
 






05 de Maio, Itacaré – Ilhéus (85km leve com a mochila nas costas)
Saí bem cedo de Itacaré, junto com o sol. Só não saí mais cedo porque estava chovendo. No caminho pretendia passar em algumas praias, Itacarezinho, Hawaizinho e uma cachoeira no final, pra tirar o sal do corpo. Logo cheguei na praia do Hawaizinho, fiz uma trilha bem leve pra chegar lá, mas estava tudo molhado e quase caí umas duas vezes, algumas ruínas de construções no caminho e cheguei na praia. Já haviam dois surfistas lá, e as ondas enormes! Entrei na água, tomei um caldo e saí. Aí desisti de ir na praia do Hawaizinho, pois estava com uma certa pressa, pois eu tinha que chegar cedo em Ilhéus, já estava com a passagem comprada e tinha que despachar a bicicleta até as 4 da tarde, então fui direto pra cachoeira do Tijuipe. Cheguei na porta, e estava tudo trancado. Chamei e nada. Decidi entrar mesmo assim pelo vão que havia em baixo da porteira, precisava tirar o sal do corpo. Entrei e saí sem ser percebido. Com muito custo, cheguei a ilhéus, estava sentido uma dorzinha há alguns dias no tendão do calcanhar esquerdo. Mas não dei muita importância. Mas neste último dia de pedal a dor se intensificou. Cheguei na cidade morrendo de pressa, pois tinha a informação errada de que havia que despachar a bicicleta 48h antes do vôo. Informação errada, era só ligar lá e reservar um lugar para minha bicicleta 48h antes do vôo. Atravessei a cidade toda pra chegar no aeroporto e fazer uma ligação no SAC. Putz, seria muito melhor ter feito isso de itacaré e ficado descansando lá.




















 




Então foi isso. Fiz apenas 1.670km em 33 dias de viagem, 3 projeções com cerca de 100 espectadores. E o projeto chegou ao fim.

Azul: Pedalando. Vermelho: Demais transportes




1 Brasília – Chico10 – 133km, 10kg
2 Chico10 – Lanchonete Portugal – 67km, 10kg
3 São Jorge – Vale da Lua – 10km, 0kg
4 Raizama – São Jorge – 8km, 0kg (bicicleta emprestada)
5 São Jorge – Valdomiro – 23km, 70kg
6 Valdomiro – Isaura – 63km, 70kg
7 Isaura – Rio Paranã – 52km, 70kg
8 Rio Paranã – Iaciara – 30km, 70kg
9 Iaciara – Posto Rosário – (38km, 70kg – 30km, 13kg)
10 Posto Rosário – Posto X BR349 – 113km, 13kg
11 Posto X – Correntia – 100km, 13kg
12  Correntina – 7ilhas – cachoeiras – 20km, 0kg
13 Correntina – Bom Jesus da Lapa – 120km, 13kg
14 Bom Jesus da Lapa – Riacho de Santana – 65km, 13kg
15 Riacho de Santana – Caetité – 80km, 13kg
16 Caetité – Ibitira – 50km, 13kg
17 Ibitira – Brumado – 50km, 13kg
18 Brumado
19 Brumado
20 Brumado – Algodões – 52km, 70kg
21 Algodões – Livramento de Nossa Senhora – 40km, 70kg
22 Livramento de Nossa Senhora – Rio de contas – 14km, subida 70kg
23 Rio de contas – Jussiape – 40km, 70kg
24 Jussiape
25 Jussiape – Capão do Meio – 25km, 70kg
26 Capão do Meio – Mucugê – 70km, 70kg
27 Mucugê
28 Mucugê – Itaetê – 64km, 35kg (mochila nas costas)
29 Itaetê – Valença – 280km (carona)
30 Valença – Barra de Serinhaém – 78km, 35kg (mochila nas costas)
31 Barra de Serinhaém – Camamu – 37km, 35kg (mochila nas costas)
32 Camamu – Itacaré – 65km, 35kg (mochila nas costas)
33 Itacaré – Ilhéus – 85km, 35kg (mochila nas costas)