segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Retornando aos relatos, Bikepacking Brasília - Aparecida de Loiola - GO

Eis que dei uma abandonada nesse blog, mas resolvi voltar.

Decidi fazer um cicloturismo leve até Pirenópolis. Sozinho, por um caminho que nunca tinha ido, pela terra. Minha ideia era gastar o mínimo possível. Fui munido de muita castanha, fruta seca, paçoca, torrone e soro fisiológico em pó.

Saí meio tarde, pois pretendia dormir no caminho, no povoado de Aparecida de Loyola. Levei apenas uma rede para o pernoite. Sabia que ia ser frio, então levei bastante roupa de frio e dois sacos de dormir. Já na saída, percebi o primeiro erro que cometi: fui com luvas fechadas, de dedo inteiro, pois estava frio. Mas, em 10 minutos de pedal, já não aguentava mais aquelas luvas, e toda vez que precisava ver algo no celular, tinha que tirá-las.

Passando pela Ceilândia, notei que tinha esquecido uma tranca para a bike. Estava bem próximo da casa de meu amigo e companheiro de cicloturismo Yuri Prestes. 

Passei lá.

Ele não tinha também, mas estava fazendo um trabalho de reforma no mascote do prevfogo Labareda, e me fez experimentar a roupa pra ver se ele tinha costurado certo.





Não tinha.

O rabo estava de ponta cabeça.

Passei pelo Sol Nascente e segui pela rota previamente destacada que fiz pelo Strava, até chegar a uma porteira fechada que não tinha sinais de que era passagem. Mas não tinha outra opção, não havia outro caminho, então pulei a porteira e segui. Pulei outra porteira e segui até encontrar dois homens trabalhando na fazenda. Me aproximei já chamando, para não chegar de surpresa. Minha intenção era só acenar e passar batido, mas um deles me chamou. Quando cheguei até ele, estava irritado, pois ali não era passagem há muito tempo. Ele parecia querer que eu voltasse, mas, já que a BR estava muito perto, resisti e falei que já estava pertinho. 

E segui.

 Ele disse para não passar mais ali.

Chegando na BR, logo tinha outra entrada de terra para o Núcleo Rural Monjolinho, e lá mais uma vez o Strava me pregou uma peça: muro alto e portão fechado, terra particular sem qualquer possibilidade de acesso. Voltei e segui pela BR 180. Peguei a BR 190 e logo estava de volta à estrada de terra, a caminho da Cidade Eclética. Cruzei a divisa DF – GO e tomei um banho de rio bem na divisa. Tinha uma família fazendo churrasco ali. Me aproximei e já cumprimentei, ninguém respondeu. Disse que ia só me refrescar um pouco ali no rio. Após alguns longos segundos de silêncio, um deles respondeu o “chega mais” mais seco que já ouvi na vida.

Chegando em Cidade Eclética, bem na hora do almoço, fui ao único restaurante da cidade. Entrei e logo vi uma senhora preta sentada em uma grande mesa no meio de uma conversa que dizia: “Se Bolsonaro vir candidato de novo, eu voto nele!”. Abertura das Olimpíadas na TV. Almocei bem. Ela e os dois netos estavam numa luta ferrenha de comportamento. O de 7 anos batia no de 4 anos. Até que, em um momento, eu intervi. Falei com o maior: “Olha seu tamanho! Você não pode bater nele!”. Funcionou, o pequeno não apanhou mais. Papo vai, papo vem. Ela falando de Lula, Bolsonaro, Maduro e eu só escutando. Ela vem com uma assim: “eu sei que o Lula é mais dos pobres, mas Bolsonaro que é o cara, por isso que a Globo detesta ele”. Em dado momento, ela perguntou minha opinião sobre o Maduro, que, se não ganhasse a eleição, ia derramar sangue. Eu disse que estava por fora desse assunto. 

Paguei 15 reais no almoço com copo de refrigerante.

Esperei por mais alguns instantes vendo a abertura das Olimpíadas e meu celular carregar. Quando desce alguém das escadas na tv, coberta por penas. Dava pra ver só as pernas. Aí eu disse: Lady Gaga. Acertei.

Saí. 

Passei na única lanchonete da cidade, tomei um café, troquei uma ideia e perguntei ao dono como ele veio parar ali. O pai dele conheceu Oceano de Sá (fundador da cidade) no Rio de Janeiro em 1960, por aí, e logo se tornou seguidor dele. E que veio na cola do pai em 1995 e lá estava desde então. Paguei 4,50 em um café e uma Coca-Cola pequena.

Passei no cemitério, onde havia uns túmulos comuns e uns enormes. Havia um grupo de cinco pessoas rezando veementemente para um túmulo ali, mas fiquei de longe tirando umas fotos.

Peguei a estrada. Passei por um bar onde havia um acesso ao rio e tomei um belo banho. Pagava para entrar, mas o cara liberou sem eu nem pedir nada. Lavei minha blusa e segui viagem.

Ao final da tarde, cheguei em Aparecida de Loyola. Já de cara, vi umas crianças com lencinho vermelho no pescoço e montadas a cavalo. Tinham uns seis anos, bem meninos mesmo. Cheguei à praça e tive A SURPRESA. A cidade estava LOTADA, muita barraca na praça, carro com som alto, cavalo para todo lado, todo mundo de chapéu. Primeiro, achei legal, pois não ia dormir sozinho na praça. Aproximei-me de um grupo fazendo churrasco e pude perceber o alto nível alcoólico de cada um ali, tudo monstrão de cachaça. Perguntei se era de boa dormir na rede ali do lado e disseram que sim. Continuei rodando a praça. Havia um cara com a cara toda estourada, conversando sobre a queda de cavalo que tinha tomado, estava empinando o cavalo e caiu de cara. Estava feio pra caramba! Comecei a não achar tão interessante assim a cidade cheia, eu de lycra no meio dos cavaleiros chamava muita atenção. Era a Festa do Divino. Peguei minha única bermuda que não era colada e vesti por cima do bretelle. Uma criança de uns oito anos veio conversar comigo, talvez o único sóbrio ali. Consegui valiosas informações: não havia restaurante na cidade, mas às 8:30 ia sair a janta para todos, era só chegar e comer. Nisso, um adulto veio falar comigo: “Você tá meio perdido aí, né?”. Era o Pança, que logo me convidou para acampar no terreno dele. Agradeci o convite e fui. O cara era pedreiro e estava ele mesmo construindo sua casa. Amarrei a rede do lado de fora e fui tomar um banho quente. Maravilha, eu pensei que nem ia tomar banho essa noite, ainda mais quente. Pança me explicou a dinâmica da janta: primeiro iam os foliões, e só depois os “cata-pouso”, que são pessoas que não estão na Folia de Reis mas estão ali no meio da bagunça. Me identifiquei como Cata Pouso então. Havia uma ordem na fila e que depois de servir, não podia voltar. Pança saiu para o boteco e eu fiquei ali, esperei ele voltar para seguir os ritos da janta. Quando ele voltou e fomos à procura da comida, já tinha acabado, mas estavam fazendo mais.

Fiquei dando rolê com o Pança nos grupos. Fomos a um acampamento comer carneiro. Eu já me sentia parte da parada, mesmo estando sem chapéu. Me disseram que só de cavaleiros havia 240, e muitos, mas muitos “cata-pouso” como eu. Eu só imaginava onde esse pessoal todo acampado ia fazer suas necessidades. Era muita gente e nenhum banheiro. Muita pinga, paratudo, São João da Barra. Eu me contentei com duas latinhas periguete. Apareceu um candidato a vice-prefeito de Formosa. O cara parecia ter saído de um filme, de tão estereotipado que era. Aquele barrigão com a fivela enorme, cumprimentando todo mundo. E eu sempre era apresentado como o bicicleteiro que veio de Taguatinga. Havia outro cara que era candidato a vereador, mas parecia não ser muito bem quisto, pois andava escoltado por dois PMs de Goiás com metralhadoras em punho. Onde ele ia, era acompanhado por esses dois PMs com o dedo do lado do gatilho. Sendo que ele nem vereador era, era candidato e já tinha esse contato de andar com escolta do governo. Interior de Goiás, né... Havia gente com arma na cintura, com facão na cintura. Eu estava preocupado com tanta gente bêbada, poderia sair uma confusão.

Pois saiu a janta, bati uns três pratos. O dono da casa foi bem com a minha cara e trocamos umas ideias. E estava frio, muito frio. Eu com o visual meio nada a ver. Chinelos, dedos de fora. Uma calça colada segunda pele e uma bermuda curta. Três camisas e um casaco de pedal com marca de patrocinadores. Uma touca branca. Um outsider no meio de todos.

Vi que havia dois grupos bem distintos: os foliões tradicionais, com viola na mão, dançando catira e executando cantos tradicionais da Folia de Reis, e os jovens baladeiros com som alto no carro e muita azaração. Ambos os grupos bebiam bastante.

Fui dormir.

Deitei na rede. Três meias, dois sacos de dormir e pés gelados. Só dei umas cochiladas e acordei com os dedos dos pés dormentes. Lembrei que havia um carro lá do lado, que o Pança disse que, se o frio pegasse, eu poderia dormir dentro dele. Às 5:30 da manhã, lá fui eu para dentro do carro e dormi um pouco. Saí às 6:30 para ir tomar café da manhã com os foliões. E ainda havia gente tomando pinga para rebater a friagem. Altos causos de farra da noite anterior. Na entrada do café da manhã, todos deixavam os chapéus no telhado de palha da casa, entravam, se serviam e saíam. Fiz o mesmo, umas três vezes. Conversei novamente com o dono da casa e disse que não ia mais para Pirenópolis, que ia tomar outro caminho para Girassol – GO e de lá pegar um ônibus para casa. Mostrei a ele o caminho no celular e tudo certo. Ele me disse que eu ia passar em frente a um viveiro de onças, onde chegam onças resgatadas do Brasil todo. Algumas voltam para a natureza, outras não. E que o irmão dele era gerente lá; se não tivesse visita agendada, eu poderia entrar de boa, pois pagava um valor para entrar. O pai deles chamava Carlão.

Voltei à casa do Pança e nem sinal dele. Ele chegou de madrugada e ainda dormia. Passei pelo problema que todos ali na praça devem ter passado: maior vontade de usar o banheiro. O banheiro era dentro da casa do cara e eu não queria acordá-lo. O quintal era grande, cavei um buraco e fiz ali meu banheiro.

Saí da cidade e, menos de 10 km depois, passei em frente ao NEX viveiro de onças. Já havia alguns turistas lá esperando para entrar, junto com duas mulheres guias. Já tentei dar um jeito de entrar, mas elas disseram que a visita era só agendada e custava 250 reais para passar o dia. Agradeci e segui caminho. Pela cerca, vi um cativeiro de onça. Parei para tirar umas fotos e logo vi um cara que estava trabalhando lá e puxei assunto através da cerca mesmo. Ele me contou da onça que estava vendo, que era cega pois tinha tomado um tiro na cabeça. Conversa vai, conversa vem, perguntei seu nome. Era Carlos. Aí eu disse: “Você que é filho do Carlão?” (Falei que tinha dormido em Aparecidinha, estava na Folia de Reis e tal). Ele disse que o filho era outro, que era gerente lá. Ele era cunhado dele. Mudou o tratamento e disse que, se não tivesse visita agendada, eu poderia entrar lá e conhecer um pouco. Pena que era sábado e havia visita.

A estrada era só o pó, estava prejudicando muito a corrente da bike. Fiz uma coisa que nunca tinha feito: limpar a corrente da bike com lenço umedecido. Até que funcionou, fiz isso umas três vezes durante a viagem. Limpava com o lenço e passava óleo novamente. Neste segundo dia, minha bicicleta estava fazendo uns barulhos estranhos, como se a roda estivesse raspando em algo. Sempre que pegava uma velocidade maior, fazia um “vrrrrr”. Eu parava e não tinha nada pegando na roda. Lá ia eu de novo e “vrrrrr”. Parava e tudo girando normal. Peguei asfalto, limpei a corrente mais uma vez, e o “vrrrrr” acontecia de 10 em 10 minutos. Acabei indo mais devagar para isso não acontecer. E esse mistério perdura até hoje. A bike está sem as bolsas, mas eu ainda não andei nela para saber se o barulho persiste.

Almocei em Girassol (R$ 24,00) e fui pegar um ônibus (R$ 7,20) para Taguatinga. O motorista simplesmente não quis me embarcar, e eu sei que pode. Se a bicicleta estiver desmontada (estava), fora do horário de pico (estava) e uma bicicleta por veículo (era). Esperei o próximo ônibus, agora sim já munido de mais informações do CONTRAN, se ele falasse que não ia fazer um barraco. O motorista foi maior gente boa, subi com a bike no ônibus e ainda trocamos uma ideia.

Resultado: voltei para casa a tempo de ver a apresentação de circo do meu filho, que eu já estava contando que ia perder. Gastei R$ 46,70 e tive muita história para contar.


















sábado, 3 de dezembro de 2016

Machado...Machado.




Aí que eu deixei todos os equipamentos em Machado, na casa da minha tia Lenil.  e parti de carona com uns amigos pra Brasília,  precisava pegar inúmeras coisas: cinema,  suspensão,  cartão de crédito internacional, bagageiro traseiro e dianteiro  (próprio pra suspensão)  visitar família e amigos e também dar umas voltas de bike fixa.  Fiquei pouco mais de uma semana na cidade em período de engorda, pois havia perdido quase 5kg nesses 30 dias de viagem.


Consegui uma passagem de avião pra Campinas e de lá ônibus pra Machado. Pra tia Lenil novamente.
Instalei a suspensão, fiz uma peça que havia empenado do carrinho depois de um leve acidente e peguei estrada. Fui para um destino onde não pude passar na ida: São Thomé das Letras.


Mas no caminho queria parar em Paraguaçu, distante uns 30km de Machado. Estava com a bike bem leve, apenas 33kg dividido entre os alforges, nada de carrinho reboque, deixei na casa da minha tia Lenil.
Até o sítio da minha prima em Paraguaçu foram 41km, na beira do Rio Sapucaí. Curti muito encontrar os primos que não via há mais de 10 anos, ajudar um pouco nos serviços como matar frango, plantar café... dormi 2 noites lá. No domingo saí pra dar uma volta na beria do rio, e depois de alguns minutos descendo dei de cara com um pequeno gambá, que estou na dúvida até agora de quem se assustou mais, eu ou o gambá, saímos correndo cada um pra um lado. E como era de se esperar, peguei uns carrapatos nessa pequena jornada ao rio.



Na segunda feira saí cedo, pra chegar bem em São Thomé das Letras, seriam mais de 100km nesse dia. Fui beirando o Rio Sapucaí num belo visual, muitos animais, estava uma fina garoa e um clima muito bom pra pedalar. mas logo chegou a BR491. Carretas e carretas...Mas sabia de um atalho que não tinha pego na ida pra Machado, um atalho pela terra. Segui pelo atalho beirando o Rio Verde, novamente um lindo visual, pequenas fazendas e tucanos por perto. Daí voltei a BR491, vruuummm..... vruuumm... Veste o capacete, tira os fones de ouvido. Passei novamente em frente a estátua do Pelé. 


Tive um leve desentendimento com a atendente do restaurante:
Perguntei o preço do prato: 30 reais. (mais que o dobro do que geralmente eu pago)
Eu argumentei: Poxa, estou viajando de bike, ainda vou pedalar 50km hoje, preciso comer mas não muito, você pode ver se serve menos e me da um bom desconto? 

Ela pediu pra esperar e foi falar com a dona.

Na volta ela vira e fala: pode servir.

Aí eu: Pode? Sem custo?

Ela fez que sim com a cabeça.

Fiquei felizão, pow, finalmente algum restaurante reconhece a dificuldade de fazer o que faço e me oferece um almoço, servi com um sorriso no rosto.
Acabei me empolgando e servi um pratão, de graça né...

E quando vou sentar, ela vira e fala pra eu ir pesar. Aí fui.
26 reais e uns quebrados.
Mas pera aí, repeti o diálogo que havíamos tido. Que ela hora nenhuma falou que ia me cobrar por Kg...
Perguntei se ela entendia o que era: sem custo, que havíamos conversado.
Ficou um clima bem chato, e OK, eu pago. Mas se esforce mais pra entender o que está sendo conversado.
Fiquei por umas 2h descansado, li um pouco e segui.





Parei em 3 corações, bebi um latão de skol e segui pra São Thomé.
Fiz uma parte do caminho de asfalto, mas logo fui pelo caminho de terra, mais demorado e mais bonito. Cheguei a errar a entrada, mas voltei e fui pela terra. Sabia que tinha uma subida enorme no final.
Sei que foi anoitecendo, e eu subindo, anoitecendo e eu subindo. Cheguei na cidade 10h da noite, com 106km rodados. Já tinha um lugar pra ficar, um contato no couchsurfing que iria me receber. Biro.

Ao chegar, Biro era dono de uma pousada. Mirante das Pedras.  Que surpresa! Como tinha passado por aquela no almoço, confirmei com ele se era gratuita mesma a hospedagem. Sim, era. 
Muito gente fina, mas ele estava saindo em uma roadtrip de automóvel pela Bolívia e Peru, com um senhor de 72 anos que me esqueci o nome agora. Dahora! Falei pra ele ir em Puma Punku, perto de La Paz, lugar onde ainda não fui, mas quero passar ainda nessa viagem, tá longe ainda.
S. Thomé das Letras
Após a foto, perdi os chinelos que aparecem na garupa.
Conheci um pessoal lá na pousada que também funcionava como hostel, com quartos comuns, onde fiquei. 
Fui na intenção de ficar 2 ou 3 noites na cidade, mas acabei ficando 7 dias, alternando entre dias de descanso e pedais leves para as cachoeiras do lugar, todas perto, no máximo 12km e entrada gratuita. Bem parecido com a chapada dos veadeiros a cidade, mas numa pegada mais rock-hippie, se é que me entendem. Cheguei até a fazer um hapel na cachoeira!
Fiz umas ótimas incursões no mato, chegava num pico: ia seguindo as trilhas, elas iam estreitando, eu seguia, alguns momentos largava a bike no mato, e seguia apé. Muito bom viajar sozinho.


Sei que o final de semana chegou, e com ele uma excursão de 45 adolescentes na pousada. Era a hora de ir embora. Consegui um outro quartinho pra passar a noite e saí no outro dia cedo. estava começando a gastar mais que o planejado na cidade.
Sem avisar minha prima, queria chegar em Paraguaçu no mesmo dia, mandei o velho zap e lá fui. Muita descida, e lá fui. Decidi ir somente por asfalto, caminho que já havia feito quase todo há algumas semanas atrás.


No caminho comecei a sentir um leve incomodo nas costas, mas não dei bola e nem alonguei hora nenhuma. Acabei esticando o pedal direto pra Machado, 140km. Cheguei bem cansado na casa da minha tia, tomei todos os comprimidos possíveis (BCAA,  Multivitamínico, Relaxante muscular) e dormi. Acordei bem. Mas só até passar o efeito do Relaxante. Aí vi que necessitava de cuidados. Fui à um massagista na cidade. Foi difícil achar, depois de falar com uns 4, consegui marcar com um cara expert no assunto, me alongou e tudo mais, Saí bem melhor, mas ainda com incômodo nas costas.

No dia seguinte, fui à Paraguaçu num bate e volta, pois havia esquecido minha toalha lá na ida pra São Thomé, mais 70km pra conta, e as costas incomodando. Mas precisava seguir viagem.

Destino: Douradinho - MG. 27km.
Alongando toda hora, fiz o percurso bem de boas, com a bicicleta pesando cerca de 70kg.
Ao chegar na cidade, avisto uma criança que olha pra mim e grita: Celina, ele chegou!

Estava me esperando já.
Encostei a bike na porta da casa da Celina, e puffff, o pneu furou misteriosamente. Que bom, pois deu pra chegar bem na porta.

Ao chegar a praça estava cheia, estava havendo a inauguração daqueles kits de malhação públicos, com música e solenidade. Aproveitei e fiz a divulgação do filme que iria passar mais tarde na praça.




Marquei pras 8h da noite, esse horário de verão atrapalha um pouco as projeções.
Arrumando as coisas na praça, decidi usar um hometheater do Veniulton, que mora com a Celina. Era mais potente que as caixinhas JBL que tenho.
Mas não fiquei satisfeito com a qualidade da projeção, ficou bem baixo o som, além do projetor também não segurar muito a onda, possui apenas 800lumens, quando acho que o ideal seriam ao menos 2.000lumens. Mas é o que temos pra hoje né: Play.



Ao tentar conectar o chromecast no projetor, não estava dando certo. O jeito foi inserir o USB com os filmes mesmo, o que estava evitando pois aquece muito o projetor e pode dar problema. Mas não deu.

Creche Vovó Guiomar, minha Bisa

Comecei com o curta: Procura-se. Com a praça movimentada algumas crianças correndo e brincando ficou meio difícil escutar mesmo, mas os mais interessados foram para frente e riram bastante com o filme.
O segundo seria Jeca Tatu, do Mazzaropi, mas não sei porque diabos d'água o som não saia, sem Mazzaropi então.

O segundo curta foi O filho do vizinho, não prendeu muito a atenção pois o som baixo tava foda de escutar os diálogos.

Lembrei do curta: El Empleo. (o emprego). Sem fala e com uma ótima crítica social ao trabalho.
Gostaram bastante.
O filho do vizinho em Douradinho MG

Daí as crianças que nessa altura já estavam dentro do coreto correndo pra lá e pra cá dentre os fios do projetor e do som, e eu preocupadíssimo de algum guri derrubasse tudo aquilo, estavam pedindo um filme de terror, mas como não tinha nada parecido no pendrive, coloquei o curta brasiliense Ratão.

E sempre ao final de cada curta, eles aplaudiam. ;)

Encerrada a sessão sem nenhum longa, desmontei tudo e fui dormir.


Depois choveu 3 dias seguidos, fiquei descansando na casa da Celina, agradeço muito a recepção.


Os passarinhos do Brasil 

A chuva parou, e decidi partir. Na saída da cidade, encontrei um personagem da minha infância, um dos passarinhos. Um trio de música caipira bem famoso dentre meus familiares, eles até cantavam uma música em homenagem ao meu avô Oscar.


Segui pra São Gonçalo do Sapucaí, e logo de cara passo por um atoleiro. Já não dava pra pedalar, a lama entrava entre as rodas da bike e do carrinho, e ficava muito pesado. Fui empurrando e cada vez mais pesado, notei que a roda da carretinha estava travada de tanta lama, mas não adinatava limpar, que poucos metros a diante, enchia tudo de lama de novo. Daí passa um senhor à cavalo, e me aletra que a roda estava travada. falei que sabia, mas era a única forma de seguir. Ele deu a idéia de me puxar com o cavalo, topei!
Atoleiro na saída de Douradinho
Conversa vai, conversa vem, falei dos meus avós e logo ele falou que certamente tínhamos um grau de parentesco, e me mostrou onde ficavam as terras do vô Oscar.



Passou a lama e voltei a pedalar.

Cheguei em Cordislândia, onde tenho parentes também. Almocei com eles e segui pra São Gonçalo, ao sair da cidade, tive problemas com o eixo traseiro da roda, saiu de centro e ficou raspando no quadro, parei, arrumei. Vi que o parafuso que segura no quadro estava bem frouxo, preenchi o espaço com veda rosca e pensei que ia segurar.
Cheguei em Água Comprida, onde o tio Jairo tem um sítio. Jantei, bebi e seguimos pra casa dele em São Gonçalo. 6km. Anoiteceu, foi bonito.

Chegando na casa do tio Jairo, recebi uma ligação da minha mãe.
Da forma que ela falou alô, eu já sabia o que ela iria me dizer:
- Sua avó faleceu.

Ela já estava doente e há alguns dias na UTI.
E também sobre o estado de saúde da minha prima Solange, que não estava bem.

No dia seguinte, fui ao cemitério visitar o túmulo dos meus avós maternos, no cemitério da cidade.
Vô Dedé, que eu não cheguei a conhecer e Vó Maria, que foi enterrada lá.

Na porta do cemitério tinham vários pé de cana, que ao me ver com aquela bike ficaram mexendo comigo, querendo alguma coisa. Não dei idéia e entrei. Lá dentro flagrei 2 meninos, de uns 8 a 9 anos no máximo, também me viram e ficaram me assediando, querendo alguma coisa, um trocado, um chocolate. Eles estavam lá no movimento para fumar maconha, mas também não dei idéia e os dispensei.

Deixando São Gonçalo do Sapucaí
Fiquei 2 noites em São Gonçalo e parti para Campanha. Decidi primeiro ir pela estrada de terra, logo nos primeiros kms, a roda sai de centro novamente, eu paro pra arrumar. arrumei.
Na primeira pedalada, sai denovo.
Voltei pra cidade pra arrumar essa bagaça.
Eixo traseiro com 7 cm a mais

Já fui maquinando o que precisava fazer, precisava de um eixo mais longo, pois usaria os parafusos originais do eixo pra segurar ele no quadro, e depois entrariam os parafusos já meio espanados que dão suporte à carretinha.
Cheguei na loja, pedi um eixo (8 reais) e fui pra um torneiro mecânico ali perto. Que estava de saída e tive que esperar por cerca de 1h ele voltar. Voltou e começou o serviço de alongar esse eixo. Fui almoçar para esperar. Já eram umas 2h da tarde quando ele terminou. Me cobrou 50 reais, eu achei caro, mas paguei.

Fui sair da cidade, e não achava o caminho. Estava fazendo um subidão quando para um carro do meu lado e diz: você não é daqui não né?
Respondi que não, obviamente.
Ele disse pra eu não ir por aquele caminho que eu ia sair numa boca de fumo e certamente seria roubado.
Me indicou a melhor saída, eu lá fui eu pelo asfalto, pela rodovia Fernão Dias.

 38km até Campanha - MG

Cheguei na cidade e fui direto para o bar, conversar com populares.
Conheci um sujeito que era ciclista em SP mas sofreu um grave atropelamento e tinha pino pra todo lado do corpo, agora estava aposentado e passava os dias no bar.
Consegui um hotel barato.

Recebi outra ligação da minha mãe, dessa vez eu nem desconfiei.
- Sua prima Solange faleceu.
Solange. Foi um baque muito forte, 2 mortes na família em 2 dias.
Mas a vida e a viagem seguem.

Saí de Campanha com direção à Baependi, mas cheguei em Caxambu.
70km
Sem as bolsas para fazer manutenção
No caminho comprei uma marmita e decidi almoçar deitado na rede, encostei no canto da estrada e lá passei cerca de 1h de pernas pro ar. O tempo estava virando, ia chover. Vi que talvez seria uma chuva leve e passageira. Quando começou, peguei as 2 lonas, uma cobri a bicicleta e outra me cobri. Foram uns 40min de chuva e passou. Asfalto molhado, decidi guardar a sapatilha e pedalar de chinelo. Rápido desisti. Botei a sapatilha novamente.

Por uma distração, pensei que era a cidade de Baependi, mas não era. Cheguei e me instalei.
Era Caxambu.
Adorei a cidade, com um parque das águas bem no centro, onde há uma bica para encher garrafas com uma água medicinal, dizem. Bem diferente o gosto a água mesmo.
Dormi num quarto de pensão. 30 conto.


Saí de Caxambu e fui pra Baependi, apenas 6km.
Decidi acampar, mesmo sem a barraca. Estava com a rede a as lonas.
Cheguei na cidade, comprei um PF para viagem, duas doses de são joão da barra numa garrafinha e fui acampar na cachoeira do gamarra, onde sabia que havia área de camping.
Não foi fácil achar o caminho, perguntava e ouvia coisas diferentes, quando me toquei que haviam 2 formas de chegar lá, optei pela mais simples,  era cerca de 14km da cidade, mas com os erros, pedalei um tantinho a mais.
Falando em erros, pedalei quase o dia todo, sem camiseta e sem protetor solar. No final do dia que coloquei a blusa por cima dos ombros, só pra dizer. Há consequências até hoje (10 dias depois).

No caminho passei pela cachoeira do Espraiado, onde vi uma cena bem legal, esses cavalos vinham mergulhar na água de meia em meia hora, comi metade do PF e reservei o resto pra mais tarde.

cavaloss

Chegando na área de camping, que era um bar. Não tinha onde armar a rede, ele me disse que poderia ir mais a frente, perto da cachoeira do Caixão Branco, segui. Poucos kms a frente, achei um lugar, perto da queda, comi o restante do PF e armei acampamento.



Quando era noite alta, reparei no céu muito, mas muito estrelado. Pois estava distante de cidades, resolvi tirar uma foto em super exposição das estrelas, com o tripé. Quando vi que ele havia quebrado, talvez pela trepidação ali no carrinho. Beleza, 1kg a menos na bike.

Jantei e me recolhi à rede. Bem agasalhado pois sabia que o frio vinha. Acordei umas 3h da manhã com muito frio, vesti todas as roupas que tinha, 3 calças, 3 blusas, 2 casacos, 2 gorros. E ainda estava frio, virei a garrafinha de são joão da barra e tentei dormir mais. Em vão. Liguei o GPS e ele apontava a temperatura de 4 graus positivo. Resolvi me movimentar arrumando as coisas pra partir.

Acontece que no dia anterior, eu vi que a estrada passava bem perto de onde eu estava acampado, havia percorrido um caminho bem xarope pra chegar ali, mas a estrada de carros passava logo ali em cima.
Resolvi cortar esse caminho empurrando a bike por uns 300 metros até chegar na estrada. Mas foi muito difícil pela inclinação. tive que tirar o reboque da bike e ir empurrando um de cada vez. demorei e me cansei muito. Já era dia quando comecei a pedalar. Não encontrava minhas luvas, fui sem.
Caí da bike num single track, nada grave.
Ejetei da bicicleta e saí catando cavaco morro a baixo, mas sem cair!

Pernas pro ar e youtube
Eis que 30km depois chego em Cruzília, abundante em ladeiras. Sem demora me alojei no hotel mais barato. Cheguei cedo no quarto, então deu pra aproveitar a Tv + Chromecast pra ver umas séries e entrevistas. O Canal viajar com um bichinho desses.


A igreja estava bem movimentada, era a noite de queimar os pedidos que estavam sendo depositados na igreja há tempos, tava lotada. muita gente na porta, só vi um pedacinho lá dentro.


Acordei tarde, saí da cidade era 11e meia, pensava em chegar em São Thomé das letras, 30km de muita subida. mas ao ver a placa: <--- ---="" nbsp="" s.="" sobradinho="" thom="">  S. Thomé <---- ----=""> Sobradinho.
 Escolhi Sobradinho, já sabia que rolavam umas cachoeiras e grutas.

Consegui um Big quarto numa Big pousada com um Big desconto.
Beleza: 2 dias por favor!

 
na mesma noite já montei o cinema dentro do quarto e vi um filme:
for a few dollars more.

Amanheceu chovendo, mas pela tarde parou e fui visitar uma cachoeira, nada mais.
Fui na porta de uma gruta, mas não entrei, precisava de guia e sapatos fechados.


No dia seguinte o destino era Varginha, uns 75km, onde ia pousar na casa da minha prima Ana novamente.
Gmaps me mostrou um caminho onde eu não precisava passar em S. Thomé pra ir pra lá, mas parecia que subia um morrão do mesmo jeito, sim, preferi cortar esse caminho.
Na saída, além do celular, consultei populares que me confirmaram, dava pra ir por ali.
Só terra.
Logo de cara, só subida, que não se via onde terminava.
Já fui logo empurrando.

E não parava, ficou muuuuito difícil, a ponto de quase ter que tirar o carrinho pra empurrar tudo em duas parcelas. Acho que deveria ter feito isso, mas deu preguiça e resolvi fazer muita força logo de cara mesmo.
Perdendo tração da sapatilha com o chão de pedras soltas, cheguei a bater o joelho no chão.
Enfim, vi um alívio, mas não era o fim da subida não. Num certo momento até o topo, o chão era de blocos de concretos, aqueles de 8lados, encaixados. Assim dava pra ter tração no empurrar da bike.


Cheguei no Topo.


Parei por uns minutos.



Eu pensei que iria descansar nos momentos seguintes, mas não aconteceu.
Desci muito como o imaginado, mas travado os freios,  pois o terreno ou era pedra solta ou areia, branca e fina.
Estava cruzando uma mineradora, Pico do Gavião. Com o caminho bem confuso, cheguei a me perder uma vez, mas logo achei a estrada correta e cheguei no galpão dos trabalhadores, e depois passei por dentro de uma base de treinamento do exército, até chegar no asfalto.

Era quase meio dia e eu não tinha feito 30 dos 75km, mas agora era asfalto, ramo nessa.

Passei acho que pela quarta vez em frente a estátua do Pelé, em 3 corações.

O pneu furou, traseiro. Parei pra trocar a câmara de ar, e vi que a roda não estava rodando muito solta, como se as esferas estivessem estouradas. Talvez o mecânico em S. Gonçalo do Sapucaí tenha apertado demais os cones na hora de fechar o cubo. Isso provavelmente condenaria o cubo e teria que trocar. Mas dava pra seguir, e assim mesmo fui.

E cheguei em Varginha umas 19h.
Mais uma vez muito bem recebido por minha prima Ana e dessa vez conheci o marido dela.
O músico Júlio Moura, foi bão demais acompanhar ele em algumas canções.
Acompanhar, eu fui otimista. Atrapalhar ele em algumas canções.


Saí super tarde mais uma vez, por volta do meio dia.
Foi uma pena não poder almoçar lá, mas não podia partir com a barriga muito cheia.

Foi um pedal tranquilo, parece que enfim me acostumei a fazer 70km diários sem ser desgastante.

E cheguei mais uma vez em Machado.
Fui na bicicletaria, abriu o cubo e deu pra salvar. ufa!


A encomenda que estava esperando por mais de 40 dias, chegou. Um belo de um colchão inflável, pra dormir sossegado na barraca. E irei trocar o selim. Optei pelo brooks c15, caríssimo, mas um dos melhores.
Estava em negociação com a antiga loja de bicicletas em que trabalhava, mas acabou não rolando.
Aproveitei um descontão que vi na internet desse tal de Black Friday aí, e comprei.


Em Machado por alguns dias, na companhia do meu primo Afrânio, tomando cerveja e tal. Tivemos a sacada de passar um filme aqui, nas escolas. Foi ele na real, eu tava bem estático.
Topei. Fomos à escola Dom Pedro I, onde meus pais estudaram, e conversamos com a diretora sobre a proposta do filme, prontamente aceita por ela. E Afrânio também teve uma idéia de pedirmos uma redação para as crianças. Seriam várias salas de 25 alunos, do 4º e 5 º ano. cerca de 100 crianças. Fiquei muito empolgado!

Como seriam projeções pra muitas pessoas, tive certeza que meu sistema de som não iria aguentar, então pedi pro meu tio Evaneo, sua caixa de som que ele usa para o violão.

Testei, e OK.

Iria passar apenas o curta: o filho do vizinho, do Alex Vidigal. E pedir um texto sobre o filme.

Sei que foram 5 exibições, com 30 a 40 alunos em cada uma. Primeiro passei umas fotos de antigas viagens, e os mapas. E como surgiu a idéia do Ciclocine. Abria para perguntas.
Eles começavam tímidos, levantando o dedo, mas logo estavam todos curiosos. Com exceção de uma turma, que não perguntou nada.
Me perguntaram até se eu gosto de andar de bicicleta.




Aos poucos as redações foram voltando, deu o intervalo. Lanchei com as crianças, macarrão.

Fizemos mais algumas sessões após o lanche e recolhi até agora 98 redações. Já li todas, e faltam pegar algumas da última turma que ficou pra dever de casa.
Li de tudo, de criança que escreveu 3 linhas com palavras soltas, na maior dificuldade. E uns ótimos, alguns falando de mim e das viagens, do Afrânio.



Vou destacar um trecho de uma aluna aqui:
"Fábio é um ciclista que viaja pelo Brasil todo passando vídeos para os alunos de várias escolas. Mas na minha opinião deve ser bem trabalhoso viver sua vida tipo: comer, dormir tudo dependendo da bicicleta. Mas por outro lado deve ser muito legal você conhecer o mundo todo de bicicleta." 
Aluna
Sala 5



Pois finalizo aqui mais um relato, já foram 1700km pedalados. Isso contando no velocímetro, que entra na conta até pequenos deslocamentos dentro das cidades. Financeiramente estou gastando o dobro do imaginado. E diferente das outras viagens, sem pressa.

Eu meus primos Afrânio e Afra, e meus tios Lenil e Afrânio
Meu QG em Machado
Agradeço demais!

Trajeto realizado até agora











Cordislândia - MG antigo, Paredes
Sobradinho - MG
Encontrei esses 2 fazendo um cicloturismo leve

Descendo o morro, em S. Thomé das Letras
Banho de gato em Cordislândia

Isso.





Esse álbum aqui tem mais fotos:

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Ciclo primeiro, Cine depois - Brumadinho/Machado 700km 30 dias

Eis que começo mais uma viagem.

Foram 2 anos de árduo trabalho em uma loja de bicicletas e muitas dúvidas quanto ao equipamento usado, mas vou pular essa parte.
Decidi começar a viagem de Brumadinho - MG, para conhecer o Museu de Inhotim e me despedir da minha companheira Flavinha. Foram 3 dias de caminhada no belíssimo museu, calçando havaianas.




Daí que só fui montar tudo na bicicleta no dia de ir para Belo Horizonte de ônibus, eis que a bicicleta parecia que ia partir ao meio! não dava pra controlar! eram cerca de 70kg distribuídos entre os bagageiros e logo no início vi que não ia dar. Então decidi não levar a tralha do cinema nessa primeira fase da viagem, deixei os cerca de 6kg de equipamentos em casa, e iria recorrer ao longo da viagem.


Bicicleta tentando se equilibrar no novo sistema de apoio, não deu muito certo. 


Então tratei logo de agilizar um reboque para bicicleta, dessa vez diferente do que havia usado na Bahia, usaria apenas 1 roda. Fui de ônibus à Belo Horizonte busca lo e voltei para Brumadinho no dia seguinte.

Instalei-o-o!




Ficou massa, mas realmente bem pesado, logo vi que o bagageiro traseiro estava ali só pra atrapalhar, além de fazer uma leve fricção no suporte da reboque cabia tudo perfeitamente nos alforges dianteiros e na carretinha, mas segui com eles, afinal de contas, custaram o olho da cara.

Saí de brumadinho com direção a Casa Branca - MG, seriam 30km. Logo na saída o GPS do celular me mostrou um caminho mais curto pra sair da cidade, onde obviamente era errado e tinha uma subida enorme que fiz em cerca de 30min empurrando a bike parando pra descansar a cada 100m. Constatei o erro. Perguntei pra um morador onde era a saída, ele respondeu :
-Ih, você veio pelo GPS do celular?
-Muita gente vem pra cá pensando que é a saía, tem que voltar tudo.

Meditei por uns minutos, e achei a saída.
Saí da cidade.
Em uma subida de terra, passei por isso:


Foi ótimo, estava fritando de calor, vi que o caminhão pipa apareceu: Ufa!
Mas ao me ver, ele desligou a água, e eu desesperadamente fiz sinal pra ele ligar a água novamente, e saquei a câmera filmadora, fiz isso em segundos.
ele entendeu e: chuááá!
Como é bom ter equipamentos impermeáveis!

Chegando na cidade de Casa Branca, onde sabia ser uma cidade meio alternativa, tive esperanças de conseguir um pouso gratuito, procurei... procurei.. e nada. achei hotéis que variavam de 100 a 200 reais a noite. Inconcebível pra mim. Consegui pouso em um posto de gasolina.
Tomei um banho em situação de rua:


Dormi cedo, acordei com uma pequena reunião entre amigos ali no posto e decidi participar. Ótima gente, rimos muito, bebi umas 2 cervejinhas, ganhei um kit de pastinhas especiais, em uma embalagem bonita, um monte de vidrinho, bem gourmet.
Gostei do presente, mas fiquei meio grilado com o peso, sabia que no dia seguinte teria muita subida.
Doei 2 desses vidrinhos antes de fazer a subida.


14km subindo, subindo e subindo.
Me lembrou a subida dos andes, foi duro mas logo venci. Nem olhava para cima pra não desanimar. Olhava pro chão e empurrava a bike, devo ter levado umas 3h pra fazer os tais 14km

chegando no alto da serra do rola moça, parei uns instantes no mirante do local:

Mirante no alto da Serra do Rola Moça


Logo cheguei na BR040, botei o capacete.
Achei muito curioso, vi muitos carros de última geração acelerando com tudo. Quando cheguei a um centro comercial ao lado de um condomínio: Alphavile.
Nossa! só gente rica! só carrão que havia visto apenas na TV, uma loja de bicicletas da Santa Cruz, alguns ciclistas com bikes caríssimas.
Fui gentilmente convidado pra tomar um açaí, ótimo. Tomei e segui estrada. Queria muito encontrar meu amigo Gustavo Goes que estava em Ouro Preto e tentei chegar até lá. Tentei, pois não deu. acho que foram uns 70km de pedal até a noite e a chuva chegarem juntos.
Pruuuummmm.
Assim que me molhei todo, vi que estava bem em frente a um hotel.
Tentei desconto mas não foi possível, foda-se, paguei 80 reais.
Precisava de um lugar seco.


Apenas 20km até outro preto, mas com algumas subidinhas suaves, as que quebram o cara pouco a pouco. No caminho encontrei uma espécie de museu com biblioteca e cinema de nome: Jeca Tatu. Bem arrumadinho, com um monte de coisas velhas, do jeito que eu gosto. Parei pra conhecer e trocar ideia, mas o dono estava para pouca conversa, uma pena, pois perdeu a oportunidade de me conhecer.
Chegando em Ouro Preto o pneu traseiro furou, tentei trocar e vi que não tinha as duas chaves de boca n. 10 que necessitava para tirar a carretinha reboque. tentei fazer um remendo sem tirar o pneu mas são segurou, terminei de chegar na cidade empurrando a bike. Parecia um ET, todos me olhando, eu de lycra empurrando aquele corpo singelo pelas ruas de pedra de Ouro Preto.

Cheguei na cidade, embasbacado. Não entendia, e não compreendo muito bem até agora o motivo daquele tanto de igrejas. Uma igreja pra ricos brancos, outra pra ricos pardos, outra pra ricos negros, outra pra escravos, a assim vai... Muitas!

Saída de Ouro Preto

Lá na cidade, deixei o reboque em uma república, mas me hospedei num hostel.
No hostel conheci muita gente legal, e fiz alguns dias de tour com novos amigos: Jana (se pronuncia Yana) da república tcheca, e Insu da Coréia. Treinei meu péssimo inglês. Acho que fiquei uns 3 dias em Ouro Preto, que não foi o bastante pra conhecer o que queria, aquelas cidades que você diz pra si mesmo: 
Depois tenho que voltar aqui. 

Enviei o bagageiro traseiro e os alforges grandes pra casa, 4,3kg que só estavam atrapalhando.

Acontece que a Jana, estava numa boa vibe de viagem também, estava seguindo apé e de carona por Minas, então decidimos viajar por alguns dias, mas como? Ela caminhando e eu de bike? Sim. Marcamos de nos encontrar em Lavras Novas, fui pedalando e ela caminhando/carona. Deu certo. 



Conhecemos uma cahoeira (3 pingos, 3 pinguinhos mesmo de água) e acampamos em uma barragem. Foi bom encontra la, pois assim ficava mais fácil acampar e gastamos pouco dinheiro, o que estava esbanjando até então. 





Acampamento em Itatiaia - MG
Marcas deixadas por mim após uma pequena queda na areia


Itatiaia - MG


Lavras Novas - MG


De lavras Novas, segui para Itatiaia mais uns 30km, onde nos hospedamos em umas barraquinhas de quermece no meio da praça, e de lá para uma cidade meio abandonada, chamada Miguel Burnier, era um caminho de terra de cerca de 30km, quase sem casas nem fazendas. Jana ia fazer apé e saiu mais cedo, eu fiquei arrumando a barraca e lavando a bike. Horas depois, parti. 


Muito sobe e desce, e ninguém na estrada. Apesar de ter um ótimo GPS da garmin, estou me orientando pelo googlemaps. daí que muitas estradas ali, nem no Gmaps estavam. Ok, se desse errado o caminho, sairia em Ouro Branco e pegava a BR pra Miguel Burnier.
Com alguns quilômetros encontrei uma vila, perguntei pelo caminho. Me disseram que a Jana já havia passado e foi por um caminho onde eu não conseguiria passar de bicicleta, era uma outra estrada mais complicada e com muita subida. Sei que com a conversa e sem insistir muito, convenci o senhor (bem alcoolizado) e duas crianças a me mostrarem o caminho. ;)
Fui empurrando a bike ao lado deles, conversando.
Realmente vários obstáculos onde os 3 me ajudaram a passar, a empurrar a bike também. Lá pras tantas, resolvi subir em cima da bike e dar umas pedaladas.
-Profstsss!!
A roda traseira simplesmente saiu da bike! fudendo a porra toda! vi que a blocagem que vem na carreta reboque, estava empenada. A pressão caiu, sentei no chão por uns instantes. Mas tentei resolver, desempenei a parada na base da pedra. Ao fazer o teste pedalando, saiu novamente e empenou mais ainda. Mais pressão baixa e uma sensação de estar perdido, mesmo com aquelas 3 almas me ajudando. pois estava há uns 15km da cidade, e realmente ali não passava ninguém.
Quando pensa que não, ouço um barulho de moto subindo a trilha com velocidade, e pensei que logo ela estaria ali nos atropelando. Dei um pulo! corri pro meio da trilha pra sinalizar e não acontecer um acidente. Ok, funcionou.





O cara da moto ouviu dizer que as 3 almas boas estavam ali ajudando um doido que estava viajando de bike, e foi ver o que era. 
Aí logo pensei: -Cara, leva essa carretinha e minhas bagagens na sua moto, que eu coloco a blocagem original da bike e assim consigo chegar pedalando na cidade. 
Sim!

Quando estava desmontando as coisas pra colocar na moto, tinha um saco com lixo que havia recolhido em Lavras Novas, no local onde havia dormindo. 
Daí o senhor vira e fala: - Isso é lixo? 
Eu: - Sim. 
Então ele logo pegou e ia jogar aquele saco no meio do mato, num abismo. 
Eu: - Nããão! Cara, cê é doido? Joga isso aí e quem vai limpar, vai ficar aí a vida toda! 
Ele ainda tentou justificar: - Mas com o tempo ele vai desmanchando. 

Argumentei que não fazia isso de jeito nenhum! e que ainda quando possível, sempre junto o lixo ao meu redor e procuro um destino numa cidade, mesmo que aquilo não vai ser reciclado, mas ao menos não fica ali, deixando o ambiente feio. Não sei se consegui conscientizar ele, mas tentei.

Salvoooou!


Daí beleeeeza! sem peso, acompanhado da moto segui firme e forte bem fácil, até chegarem uns cachorros latindo atrás de mim, normal. dá pra perceber quando eles realmente vão te morder, esses estavam só latindo. Mas me distraí e caí da bike, sem graves consequências, só pro cara da moto dar umas risadas mesmo. 
Mas deu tudo quase certo até então, dormimos em uma sala da prefeitura em Miguel Burnier e no dia seguinte segui sem a carretinha reboque para Congonhas, e a Jana pegou uma carona levando a tal.

Apenas uns 20km de pedal, bem leve meio aos grandes caminhões, cheguei em congonhas. Era sábado, meio dia mais ou menos, as lojas estavam prestes a fechar. Fui direto procurar uma loja de bicicletas pra resolver o problema do reboque. Cheguei em uma loja, o dono olhou pra mim e disse: - sua encomenda está aqui (o reboque) do que você precisa?
Bom demais! precisei trocar o cubo da bicicleta, por um mais simples com eixo parafusado, 100 reais, e ele fez o serviço em cerca de uma hora.
A baixo a blocagem que empenou, realmente quando montei na bike percebi que era frágil e poderia dar problema. A cima o cubo top de linha que tive que descartar e colocar um mais simples e mais forte.

Na cidade fomos gentilmente recebidos na casa do Marcos, um carioca que vive há mais de 10 anos na cidade, acontece que era sábado, um dia antes das eleições, e seu irmão Fritz, estava concorrendo a vereador da cidade. Conhecemos a família toda, nos receberam muito bem, e o Fritz pareceu ser uma ótima pessoa, e gastou R$700,00 reais na campanha toda. Achei belo. 



O Marcos nos levou para conhecer a cidade, fiquei emocionado ao ver o calvário esculpido por alejadinho em tamanho real, me encheu os olhos de água. 

No dia seguinte fomos para Caetano Lopes, apenas 13km distante de Congonhas, saí meio dia da cidade e Jana foi apé. 

Adoro vilas pequenas, mesmo que você tenha dinheiro no bolso, não tem como gastar. Não tem restaurante, não tem hotel. No caminho vi muito santinho de candidatos jogados pelo chão, no meio do nada. Logo fiz a suposição: Os candidatos pagaram para as pessoas panfletarem, e eles acharam mais fácil sair dos limites da cidade e jogar tudo no chão mesmo, triste. 

Assim que cheguei na vila, dia das eleições, varado de fome, encontrei um rapaz, seus 20 e poucos anos. Falei oi e pedi um prato de comida. Foi bem receptivo e me convidou pra comer na casa dele, frango com quiabo e arroz. A mãe gostou bastante da visita, me convidou pra uma cachaça, aceitei.

A noite foi caindo, Fomos acampar no ginásio poliesportivo da cidade.

No dia seguinte o destino era Entre Rios, 30 e poucos quilômetros. Sabia que havia um caminho mais curto e tentei ir por ele, errei a entrada fiz um descidããão e cheguei numa fábrica, onde não havia saída. sentei, meditei um pouco, e voltei os quilômetros que havia pedalado sem necessidade.

Da cidade de Entre Rios, já segui viagem sozinho, saí cerca de 13:30 da cidade com destino a São João Del Rei, foram 70km e acabei chegando a noite na cidade, peguei uma chuvinha no final mas sem problemas. Segui pela BR, e tomei algumas finas de ônibus, os caras tinham a pista toda do outro lado para fazer uma ultrapassagem segura, mas não o fizeram. a bike chacoalhou toda nas duas vezes, terrível. Bom mesmo é seguir pelo interior, mas sem suspensão fica foda. 
Em São João D. R. fiquei hospedado na casa de uma amiga da capoeira, Júlia. 
Fiquei 2 noites na cidade, no dia seguinte apelei na comida, almocei no restaurante popular, apenas R$2,50 o prato. Depois comi bolo, salgado e suco numa padaria, depois comi pastel, depois tomei cachaça e café. Uma bomba né? explodiu no meu estômago. passei malzão, mas no dia seguinte estava bem pra pedalar de novo. Mesmo sem suspensão, iria pelo interior.

Tentei em vão começar o pedal cedo, mais uma vez. na saída da cidade, encontrei um repórter local que fez em 15 minutos uma ótima matéria com o celular mesmo, e no dia seguinte estava publicada, agilizado o cara: 



O destino do dia era Caquende, uns 40km.  peguei um pequeno trecho de asfalto, logo chegou a terra. beleza, só ir devagar que não bate tando a bicicleta. chegando na cidade, não havia nada para comer, e eu estava sem álcool para cozinhar, havia tentado comprar na cidade de  São João del Rei, mas não me venderam pois pedi pra colocar na garrafinha. insisti bastante, mas não rolou. Mas em Capela do Saco havia restaurante, então peguei a balsa/trator e atravessei a represa.


A represa foi feita na década de 50, no governo JK, onde inundou a antiga via de Capela do Saco, está tudo lá no fundo, casas igrejas. Mais tarde descobri que meus antepassados Moraes, viveram ali, naquela cidade submersa hoje. legal né?

Almocei e pensei em esticar o pedal para Carrancas no mesmo dia, eram apenas 32km, mas me convenceram a ficar na cidade, pois tinha muita subida no caminho. Aluguei um apartamento inteiro pra mim, por 35 reais.

Daí que tomei um café da manhã fraco com direito a leite estragado e subi o morro, 32km, mas já estava forte, quase não tive que empurrar, achava que até tinha forças pra fazer a subida toda em cima da bike, mas iria me esforçar muito, em alguns momentos empurrei.
Em Carrancas fiquei num camping do Jeca, descontinho pro ciclista aqui. Vi muitos ciclistas na cidade, então conversando, descobri que tinha uma trilha que eles iriam fazer no dia seguinte, pagava 15 reais e eram uns 35km, nível difícil. Topei.

Acordei cedo e fiquei esperando a carona que me levaria até o ponto de partida, a cachoeira da Zilda, o tempo passou e a carona não veio, decidi ir pedalando mesmo, uns 12km. fui uns dos últimos a chegar no lugar e sair para o pedal, a bike leve, estava confiante que seria um pedal fácil, mas não foi. a bike não estava tão leve assim, e a falta da suspensão mais uma vez me incomodava muito. Nas subidas não tinha pra ninguém, subia bem, forte. mas na descida, que eram muitas, me quebrava! Conheci muita gente legal, muitos curiosos já vinham conversar sobre minha bicicleta,  se estava viajando. foi legal. algumas subidas enormes, tive que empurrar como todos, daí que por uma distração, bati duas vezes a peça que encaixa o carrinho na minha batata da perna, enquanto empurrava a bike. Foi uma logo depois da outra. Aí a perna ficou meia boca, doendo. Mas fechei o pedal e voltei pedalando pra cidade ainda. Ah, não! consegui uma carno num trecho... Mas depois segui pedalando. sei que deu 50km e uma altimetria acumulada de 1.600m. se você não é ciclista e não sabe do que estou falando, significa que foi um pedal muito difícil, com muitas subidas. A maior até então.




Pensei em ficar o dia seguinte descansado em Carrancas, mas tive um pequeno desentendimento com o funcionário do camping por causa de uma panela, e decidi ir embora. 

Tinha planos de ir pra São Tomé das Letras, mas desisti, por conta de não querer mais pegar estrada de terra, fui pelo asfalto pra Lavras, 70km. acordei cedo e saí tarde da cidade, pra variar. 11:30 estava deixando Carrancas. Foi mais um pedal com mais de 1.000m de altimetria mas divididos nos 70km, foi até tranquilo. mas estava fadigado. Lavras pra mim é cidade grande, peguei um hotel bem baratinho e foi ótimo descansar numa cama, aquele colchão de EVA estava me matando, tanto que fiz uma compra de um colchão melhor, inflável pelo mercado livre, estou esperando chegar, enviei pra casa da minha tia em Machado.

No dia seguinte foi Lavras até Cachoeira do Carmo, onde curiosamente não tem cachoeira. mais 70km pra conta. No caminho, almocei bem, bem até demais, que tive que dormir no chão, ali na frente do restaurante, foi ótimo. 

Como havia comido bem no almoço, decidi não jantar. tinha uns pães com tomate e manteiga (que nesse momento estava líquida e derramou dentro do alforge) então comi vários sandubas com iogurte. 

A cidade seguinte já era Varginha, onde tenho parentes e fui muito bem recebido na casa da minha prima Ana. Mais 70km de pedal, mais 1.000 de altimetria. 
Liguei o googlemaps e ele me deu vários caminhos, uns de terra e o principal de asfalto. decidi ir pelo asfalto, quando deu 5km de pedal, olhei o celular e vi que estava na direção errada, ufa, ainda bem que foram só 5km, fiz meia volta e segui, confiante. depois de quase 1h, cheguei a um posto de gasolina, e reconheci, tinha parado ali ontem! nossa! sim! agora eu estava errado meeeesmo! voltando! fiz meia volta e segui novamente, triste. sei que era 11:30 da manhã, marcavam cerca de 24km de pedal, e estava de volta à cidade de Cachoeira do Carmo, agora sim segui pra Varginha, legal né?!

Quando cheguei na cidade de Varginha, resolvi comer uns sanduíches que havia preparado na noite anterior, vi que eles não estavam muito bonitos, mas mandei ver. sim, foi um erro. a noite, eles resolveram sair, tudo bem, saíram e eu voltei a ser um cara saudável.


Como muitas vezes nessa viagem, a despedida foi emotiva. Apenas uma noite na casa da pessoa, e quando chega a hora da partida, os olhos enchem de lágrimas. Mas o destino era Machado, mais 70km. 

Passei na porta da cidade de Paraguaçu, tenho muitos parentes por lá também, mas resolvi deixar para depois, pelo seguinte:
Resolvi dar um pulo em Brasília. 
Chegou a hora de levar o cinema, como são bastantes detalhes, cabos, telas caixas de som, suspensão e outros itens que vou precisar nessa nova fase da viagem, resolvi voltar por uma semana. Outro fator me ajudou a tomar essa decisão:
A carona. 
Uns amigos estavam voltando de SP de carro, então formou. Deixei minha bicicleta em Machado, e estou escrevendo neste blog aqui do DF.

Já consegui uma passagem de volta, e logo mais estarei pedalando rumo à Serra da Canastra.

Por enquanto é isso, abraços!