terça-feira, 24 de abril de 2012

Finalmente, projeção!




15 de Abril  descanso em Correntina, pedal para sete ilhas. (20km, levíssimo e de chinelo)
Fiquei de bobeira em Correntina, mas como não há maneiras de ficar no quarto da pensão (15 reais a diária), fui pra rua. Fui conhecer as 7 ilhas, pertinho da cidade é só descida. Não me demorei muito lá e logo subi o morro. Mas fiquei sem ter o que fazer e fui lá de novo, e fui numa cachoeira que fica depois das ilhas também. No meu dia de descanso, pedalei 20tinho e de chinelo. Na volta flagrei 3 meninos vendedores de picolé num passa tempo bem xarope: tacar pedra na lâmpada do poste. Passei e fiquei olhando, e eles lá na maior diversão quebrando a porra do poste! Não falei nada... Turistão pagando sapo pra nativo? Não ia rolar... segui caminho e vi que vários postes já estavam depredados, tsc...



16 de Abril, Correntina – Bom Jesus da Lapa (120km, leve)
Eram para ser 150km, mas TIVE que pegar uma carona... No meio do caminho, passei pela cidade de Santa Maria da Vitória. Fui perguntar pra um ciclista na rua onde se almoçava baratinho... Papo vai papo vem, ele me chamou pra almoçar na casa dele! E ainda me deu 10 conto! Muchas Gracias!
Almoço em Santa Maria da Vitória
De bucho cheio, fui pegar a estrada. Aí que começou o meu drama... Poucos kms de pedal, e o pneu furou. E já vi vários espinhos grudados nele... tirei cada um com muita paciência e fiz o remendo. Não andei nem 5km e outro furo. Acho que devo ter feito uns 6 remendos quando desisti de pedalar e estendi o dedão (peguei carona). O caminhão me levou por uns 30km até pertinho de Bom Jesus da Lapa. Desci, arrumei o pneu mais uma vez, e fui pra cidade. Logo na subida da ponte, pra cruzar o rio São Francisco, outro furo! Aí eu nem remendei... fui enchendo com a bomba até chegar na cidade.
Consegui um quarto de graça. Jantei e fui deitar. Não rolava... muito quente! Muitos mosquitos! Tomei uns 5 banhos gelados... lá pras tantas, fui tomar uma cerveja. Cheguei no boteco e já fiz amizade com uns caminhoneiros... Resultado: várias cervejas de graça e mais um trocado pro meu bolso! Aí sim pude dormir com mais tranqüilidade...
Esse foi o sétimo furo do dia







17 de Abril, Bom Jesus da Lapa – Riacho de Santana (65km, leve)
Igreja na Guta, Bom Jesus da Lapa








Ao sair da cidade, fui visitar a dita igreja que fica dentro da gruta. Estava rolando uma missa na hora e só fui ver rapidinho. Na saída da igreja, um camarada começa a me chamar. Eu nem dei bola e continuei andando, o assédio aos turistas ali é bem xarope e eu pensei se tratar de mais um cara querendo bater fotos. Mas não era. Era um cara que eu conheci em Correntina, lá nas 7 ilhas. Estava com um grupo de adolescentes e conversamos e eu contei da viagem e tudo... vários ficaram impressionados e ele não acreditou muito. Agora ele acredita.
Os furos continuaram, mas foram mais uns 4 esse dia. Mas peguei uma manha de andar onde os carros passam mesmo, e evitar os espinhos.  Só o pneu de trás que estava furando, por ser bem fino (1.25) e não ter a fita anti furo. Daí que cheguei em Riacho de Santana e comprei um pneu novo... com cravos... vagabuuundo! 20 reais... mas não furou mais...
Tive que pagar por acomodações e comida. E ainda por cima, não vi o show do Bob Dylan.












18 de Abril, Riacho de Santana – Caetité (80km, leve)
Já estava com saudades do sobe desce das estradas, era tudo chapadão até então.  O pneu novo segurou a onda... nada de furos. E logo cheguei na cidade. Muito movimentada, não gosto muito disso. Tentei descontos em todas as pousadas, sem sucesso. Estava quase desistindo e indo armar a rede no posto, quando eu passei na frente do Caetité Palace Hotel. Fui tentar uma parceria, e rolou! Uma ótima noite numa cama cheirosinha! Valeu! Perdi meu boné em caetité.



Aí caiu
Um cara muito louco pilotava essa bike!





19 de Abril, Caetité – Ibitira (50km, leve)
Estava disposto a fazer os 100km que separam as cidades de Caetité e Brumado, mas a fadiga não deixou. Mesmo depois de um senhor café da manhã, não rolou. Estava sentindo minhas panturrilhas travadas, duras. Sorte que no meio do caminho tinha uma cidadezinha, que nem tava no meu mapa. Ibitira. Logo de cara consegui um quarto de graça numa pousadinha... tomei um banho e dormi. Aí o dono me veio pedir pra trocar de hotel, pois a mãe dele não gostou da minha presença ali. Ele era dono de outro hotel ali perto. Ok. Lá nesse outro hotel, vi que ele estava com problemas com as antenas das TVs, um serviçinho muito mal feito fazia os cabos das antenas soltarem toda hora... Me prontifiquei e arrumei os cabos pra ele, com meu alicate e minha fita isolante.

Mais um cemitério no caminho.


20 de Abril, Ibitira – Brumado (50km, leve)
Foram mais fáceis que os 50 anteriores. Aí, que Brumado é uma cidade das grandes também... bem difícil pra quem depende da bondade alheia. Pousadinhas caindo aos pedaços e caras. Com muito custo, consegui fazer uma parceria com o Jorge, que me cobrou 20 reais por diária no quarto com ar condicionado (coisa inédita pra mim até então) e almoço e janta inclusos! Valeu muito a pena!
Ao chegar na cidade, fui procurar uma loja de bicicleta. Precisava de 2 pneus slick e um banco. Consegui um ótimo desconto em tudo, saiu 85 reais que eu passei no cartão de crédito, a fatura vai chegar aí em casa, ta bom mãe?!
A noite fui na festa agropecuária da cidade, fui andando mesmo. Ri um pouco lá, perdi 2 reais naquelas roletas de aposta com os nomes dos times e voltei pra pousada. E quem disse que eu tinha a chave? Tava tudo fechado e ninguém atendia aos meus gritos. Fui ligar no telefone do letreiro e nada... já estava me preparando pra dormir na calçada, quando fui ao posto de gasolina e pedi o celular do frentista emprestado. O cara foi super gente fina e emprestou e o Jorge atendeu! Ufa!  Dormi na cama com o ar condicionado no máximo.





21 de Abril, Im only sleeping
Acordei cedo, comi e dormi. Almocei e dormi. Mais tarde saí pra dar uma volta. Conheci uns mototaxi e aí foi a perdição! Tomamos várias cervejas. Um cara chegou com um violão, aí que eu esfolei meu dedo tocando Raul seixas, eles realmente conheciam todas as músicas! Foi bom matar a saudade do violão. Cheguei tarde na pousada e perdi a janta.

22 de Abril, Cama e internet. Nada mais.



23 de Abril, Brumado – Algodões (52km, pesado)
Tinha várias coisas pra resolver na segunda feira em Brumado. Pegar o carrinho na empresa de ônibus, pegar uma encomenda nos correios, enviar 1,5kg de coisas pra Brasília e comprar um carregador de pilhas. Fiz tudo isso, menos a encomenda de Brasília que não chegou. Aí já eram quase meio dia quando fui sair da cidade. Não tinha pedalado nem 10km ainda quando parei pra tomar um pouco de água quente, bem na frente de uma casinha. As crianças ficaram mexendo comigo, e eu fui lá pedir água. Logo conheci o “Binho” . Trocamos umas idéias e ele quis me levar numa cachoeira que ficava perto dali. Topei. Estacionei a bicicleta no quintal da casa dele e fomos de moto. Ele tava no maior cheiro de cana! E demos um mergulho. Salvou do calor! Almocei com ele, em meio a gritos de sua mulher e sua mãe. E parti.
Passeando de moto com o Binho
Há uma diferença entre cachoeira e bica de água







No caminho vi que haviam muitas vilas, e eu logo quis projetar os filmes em uma delas... quando deu umas 5 da tarde, encostei em uma vila dessas. Dei a idéia do filme e me disseram que eu precisava falar com a Odete. Coordenadora da paróquia. Esperei um tanto até a Odete chegar e ela topou, me mostrou uma pracinha do lado da prefeitura que era perfeita pra eu passar o filme e passar a noite. Tomei um banho de balde meio escondido atrás da igreja e fui arrumar as coisas. A noite veio e os espectadores também.




Comecei projetando um curta meio lento: 10 centavos. Tinham poucas pessoas e vi que eles não gostaram muito do curta. Mas logo chegaram mais crianças e eu coloquei o curta: Procura-se. Adoraram! Riram muito! Mas uns menores não paravam quietos.. as vezes não dava pra escutar.  Depois projetei: sonhando passarinhos. Os menores que gostaram mais, mas não tinha muito do que rir... eles queriam era rir. Então ta:  Coloquei Jeca Tatu. Gargalhadas e mais gargalhadas, mas sem prestar muita atenção no enredo do filme.
Ao termino do jeca tatu, todo mundo aplaudiu. Eu falei um pouco sobre o filme e sobre o meu projeto. Aí eles pediram que eu colocasse o filme do cachorro novamente. Bis de Procura-se.

Terminou a sessão... legal, todo mundo foi pra casa e eu fui guardando as coisas. Logo fiquei sozinho na praça e armei a rede. Cheguei a pensar:
Poxa, eu aqui sozinho com uns 5mil reais em equipamentos...  Mas fui dormir






Ao terminar a sessão, as crianças pediram pra ficar na frente do projetor!









Estava quase pegando no sono quando chegam duas motos. “mas ele ta dormindo!”
Aí eu respondi e sai da rede:
-estou acordado.
Eram 5 caras em 2 motos. Um belo sanduíche ein... Um mais bêbado que o outro. Senti um clima de hostilidade no ar. Eles queriam ver o filme. Eu disse que já tinha acabado a sessão. Um deles eu não conseguia nem entender o que me dizia... Do nada, pegou uma pedra grande e lascou no chão da praça! Fez um belo de um buraco no concreto. Aí eu preocupei. Mas soube contornar a situação e despacha los. Quando eles foram embora um disse:
- pode ficar aí, de boa. Não vamos fazer nada não.
Acho que era a intenção inicial, me zuar, sei lá... aí, quem disse q eu dormi direito depois. Cada folha que o vento arrastava eu já pegava na faca (que estava na minha cintura). Mas a noite passou e eles não voltaram.
De saída em algodões
Algodões -  BA




Eu e minha mania de cemitérios, e sim.
a lente estava suja.
Dá pra reparar isso em muitas fotos.











Esqueci de contar uma passagem!
Estava em Goiás ainda, o dia em que dormi na beira do Rio Paranã... Tinham vários cachorros e tal... Aí que deu 2 horas da manhã, e me deu uma vontade tremenda de ir ao banheiro. E estava rodeado por cachorros! O dono da casa havia de dado um pau, para caso os cachorros estranhassem eu poderia sentar a vara! aí, coloquei a lanterna na cabeça e fui... Saí da rede já começaram uns a latir, os espantei com o pau e segui para a ponte. E eles vieram atrás. Do meio do mato surgiram mais dois, aí já tava uma algazarra. Com certeza acordei todos da vila! fui na ponte, fiz oque eu tinha que fazer e voltei. Aí que foi mais foda ainda... Mais cahorros! Eu dei umas porretadas em uns, e segui caminho. Consegui chegar na rede e eles foram acalmando. Menos um que ficou praticamente a noite toda latindo pra mim...

Isso aí, estou em Nossa senhora do Livramento, já pedalei mil e carvalhadas e amanhã o pedal vai ser pesaaado! 10 quilômetros! só que só de subida! vou me preparar pra empurrar a bike! E chego em Rio de Contas, onde pretendo ficar um dia lá de bobeira, conhecer umas cahoeiras.

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Valeu!