segunda-feira, 30 de abril de 2012

Adios reboque



24 de Abril, Algodões – Livramento de nossa senhora (45km, pesado)

Ao acordar na praça fui servido com café e bolachas. Um papinho pela manhã e estrada. Pedalei só de bermuda, pra pegar um bronze. Logo cheguei na cidade de livramento. Tentei descolar um almoço, mas sem sucesso. Paguei. Tentei descolar uma dormida, sem sucesso também. Já estava me preparando pra fazer os 10km de subida que havia depois de livramento, quando parei num hotel mais caro. E recebi um SIM! Ar condicionado e tv a cabo. Pronto, o resto do dia sem fazer nada. Mais uma vez o pneu do carrinho estava furado. O dono do hotel disse que eu poderia ficar o tempo que quisesse, mas decidi partir no dia seguinte mesmo.




25 de Abril, Livramento – Rio de Contas (14km, pesado, subida)

Um belo café da manhã e fui subir a serra. Tive a companhia do mateus, que conheci lá em livramento. Ele salvou minha pele! Por vários momentos, ele ia pedalando e empurrando o carrinho pra me ajudar a subir. Mesmo assim, tive que descer da bicicleta pra empurrar, e ele descia e empurrava junto comigo! Daí que no alto da serra, tinha uma bica de água, fiquei uma boa meia hora ali, refrescando.
Cheguei na cidade e vi essa placa:

Não pude deixar de fazer uma piadinha sem graça:




Queria ficar uns dias em Rio de contas, pra conhecer as cachoeiras. Mas consegui somente um dia de graça na pousada maia e resolvi partir no dia seguinte mesmo. Só fui a uma cachoeira, do fraga. Não achei bonita, mas foi massa mergulhar nesse rio de contas cor de coca cola.
Fui ver o saldo na lotérica, aí tinha só 7 reais. E fiquei de papo com o caixa da lotérica, que acabou pagando meu almoço!
 


26 de Abril, Rio de Contas – Jussiape (40km, pesado)

Muita descida! Cheguei a quase 70km/h o carrinho todo tremendo lá atrás... se ele virasse numa velocidade dessa, era caixão! Aí, reduzi...

Estava parado no acostamento, quando passou um cara de moto, olhou... olhou... e passou. Aí ele fez a volta e veio em minha direção, trazia uma de suas mãos no guidão da moto e a outra junto da barriga, olhei mais atento e vi uma arma na sua mão. Direitinho! O coração veio na boca! (vou ser assaltado!)
Aí ele chegou mais perto, e vi que era um celular. Ele perguntou se estava tudo bem, eu disse que sim, meio gaguejando, e ele foi embora.

Logo na primeira pousada de Jussiape fui muito bem recebido! Comida, e quarto com ar. Falei com o dono sobre o cinema, ele pilhou demais! Logo chamou o cara da rádio e fomos ver onde projetar. No bar da praça, onde o cara já tinha um lugar para o telão, e aos sábados ele passava uns DVDs de música lá... Aí que a noite caiu e eu fui ligar as coisas. A luz dos postes era muito forte. Que atrapalhou a qualidade da imagem, pois meu projetor possui apenas 15lumens, muitos por aí tem mais de 2 mil. E o som também não ajudou, minhas caixinhas não estavam segurando a onda, e o cara do quiosque me cedeu apenas uma. Melhorou, mas não tava muito bom. Não sei se por isso ou se por falta de interesse mesmo, a sessão foi um fracasso. Os poucos que pararam pra ver, não deram muita importância e foram saindo. Projetei apenas 3 curtas e desliguei.


Maré Capoeira pra 4 pessoas.






Moço, tem uma aranha ali dentro, ó!

27 de Abril, descanso em Jussiape.
Fiz a barba.
E vi galinhas ciscano no esgoto.


28 de Abril, Jussiape – Capão do Meio (25km, pesado, subida)

Todo mundo me avisando que haveria uma enorme subida pela frente, e de terra! Beleza, eu empurro. Era uma estrada bem difícil seguir, toda hora tinha uma bifurcação e eu ficava esperando passar uma moto pra pedir informação e não pegar a estrada errada. Começou a subida. Empurrei! Fiz um vídeo do sacrifício, mas não ta dando pra postar, pois é grande e a internet aqui não ajuda. No meio do caminho dormi, preguei mesmo! Aí passou a subida.
Cheguei no vilarejo capão da volta. Muitas crianças na rua, era domingo. Vi uma menina de cadeira de rodas, e logo pensei num filme pra projetar pra ela.
Mas ainda não sabia se ia projetar ali. Conversei com alguns populares, e disse que iria passar a noite ali na praça, na rede mesmo. Armei a rede.
Logo o vavá, dono de uma mercearia ali na frente gostou muito da idéia e falou para projetarmos ali mesmo, na sua venda. Armei as coisas e ele avisou toda a mulecada! Que a sessão desta noite seria só para crianças. Conversei com a menina cadeirante, pra ela ir ver o filme. Mas ela me explicou que não era cadeirante, que tinha um problema de pele, e que ela andava um pouco. Aí que deu 8h e começou a sessão, projetei:
1 maré capoeira
2 procura-se
3 sonhando pasarinhos
4 o filho do vizinho
5 vinil verde
 


 
Ia parar no quarto filme, mas eles pediram mais um. Aí eu disse que era de terror. Eles não gostaram muito de vinil verde. Rs! Mas foi um sucesso! As crianças se comportaram muito bem e entenderam o filme. Pois tive a ajuda de 2 caixas de som a mais!

Ainda bem que o vavá me acolheu na casa dele, êta noite fria! Se tivesse ficado na praça na rede não ia ter rolado de dormir!
 
Conheci uma prima distante do vavá, que estava morando com ele. A senhora tinha apenas 104 anos! Não escutava quase nada, tinha os dedos todos tortos, aquilo devia doer! Tivemos 15 minutos de conversa e fui jantar.


Valeu vavá!

 
29 de Abril, Capão da Volta – Mucugê (73km, pesado)

Eram apenas 10km de terra e o resto de asfalto. Ahh, tranqüilo... e sem morros ainda. Aí saí cedo e meti o pau! Estava escutando Arnaldo Baptista – Balada do Louco, quando pensei: poxa.. nunca tinha reparado nesse efeito do teclado. Um tssshhxxxx assim no fundo. Aí eu olho pra trás, ta o carrinho todo torto e a roda pegando no plástico, fazendo o tal barulho. No meio do nada! Mas logo fiz uma gambiarra, coloquei uma chave allen no lugar e prendi com borracha. 


Finalmente asfalto. E me botaram muito medo a cerca da desta estrada que estava, perto de cascavel. Antes de mucugê. Que eu não parasse para ninguém! Mas não rolou nada... almocei de graça no meio do caminho e cheguei pregadsíssimo na cidade. Já tinha decidido em enviar o carrinho pra casa! Estava levando muita coisa que não estava usando, cozinha, barraca, e muitas roupas que nem se quer toquei.
Aí decidi fazer assim: Vou seguir com o mínimo necessário, levar somente o projetor e a tela. Quando for projetar um filme, vou precisar de um som. Simples assim. Não preciso daquela tralha toda. Isso pode fazer a viagem ficar mais cara, mas melhor assim.

Em Mucugê não tive muito sucesso pra conseguir descontos. Adoraria ficar mais aqui mas não rola, tudo muito caro.


Cemitério Santa Isabel, desde 1844







Sessão particular no meu quarto em Mucugê.








terça-feira, 24 de abril de 2012

Finalmente, projeção!




15 de Abril  descanso em Correntina, pedal para sete ilhas. (20km, levíssimo e de chinelo)
Fiquei de bobeira em Correntina, mas como não há maneiras de ficar no quarto da pensão (15 reais a diária), fui pra rua. Fui conhecer as 7 ilhas, pertinho da cidade é só descida. Não me demorei muito lá e logo subi o morro. Mas fiquei sem ter o que fazer e fui lá de novo, e fui numa cachoeira que fica depois das ilhas também. No meu dia de descanso, pedalei 20tinho e de chinelo. Na volta flagrei 3 meninos vendedores de picolé num passa tempo bem xarope: tacar pedra na lâmpada do poste. Passei e fiquei olhando, e eles lá na maior diversão quebrando a porra do poste! Não falei nada... Turistão pagando sapo pra nativo? Não ia rolar... segui caminho e vi que vários postes já estavam depredados, tsc...



16 de Abril, Correntina – Bom Jesus da Lapa (120km, leve)
Eram para ser 150km, mas TIVE que pegar uma carona... No meio do caminho, passei pela cidade de Santa Maria da Vitória. Fui perguntar pra um ciclista na rua onde se almoçava baratinho... Papo vai papo vem, ele me chamou pra almoçar na casa dele! E ainda me deu 10 conto! Muchas Gracias!
Almoço em Santa Maria da Vitória
De bucho cheio, fui pegar a estrada. Aí que começou o meu drama... Poucos kms de pedal, e o pneu furou. E já vi vários espinhos grudados nele... tirei cada um com muita paciência e fiz o remendo. Não andei nem 5km e outro furo. Acho que devo ter feito uns 6 remendos quando desisti de pedalar e estendi o dedão (peguei carona). O caminhão me levou por uns 30km até pertinho de Bom Jesus da Lapa. Desci, arrumei o pneu mais uma vez, e fui pra cidade. Logo na subida da ponte, pra cruzar o rio São Francisco, outro furo! Aí eu nem remendei... fui enchendo com a bomba até chegar na cidade.
Consegui um quarto de graça. Jantei e fui deitar. Não rolava... muito quente! Muitos mosquitos! Tomei uns 5 banhos gelados... lá pras tantas, fui tomar uma cerveja. Cheguei no boteco e já fiz amizade com uns caminhoneiros... Resultado: várias cervejas de graça e mais um trocado pro meu bolso! Aí sim pude dormir com mais tranqüilidade...
Esse foi o sétimo furo do dia







17 de Abril, Bom Jesus da Lapa – Riacho de Santana (65km, leve)
Igreja na Guta, Bom Jesus da Lapa








Ao sair da cidade, fui visitar a dita igreja que fica dentro da gruta. Estava rolando uma missa na hora e só fui ver rapidinho. Na saída da igreja, um camarada começa a me chamar. Eu nem dei bola e continuei andando, o assédio aos turistas ali é bem xarope e eu pensei se tratar de mais um cara querendo bater fotos. Mas não era. Era um cara que eu conheci em Correntina, lá nas 7 ilhas. Estava com um grupo de adolescentes e conversamos e eu contei da viagem e tudo... vários ficaram impressionados e ele não acreditou muito. Agora ele acredita.
Os furos continuaram, mas foram mais uns 4 esse dia. Mas peguei uma manha de andar onde os carros passam mesmo, e evitar os espinhos.  Só o pneu de trás que estava furando, por ser bem fino (1.25) e não ter a fita anti furo. Daí que cheguei em Riacho de Santana e comprei um pneu novo... com cravos... vagabuuundo! 20 reais... mas não furou mais...
Tive que pagar por acomodações e comida. E ainda por cima, não vi o show do Bob Dylan.












18 de Abril, Riacho de Santana – Caetité (80km, leve)
Já estava com saudades do sobe desce das estradas, era tudo chapadão até então.  O pneu novo segurou a onda... nada de furos. E logo cheguei na cidade. Muito movimentada, não gosto muito disso. Tentei descontos em todas as pousadas, sem sucesso. Estava quase desistindo e indo armar a rede no posto, quando eu passei na frente do Caetité Palace Hotel. Fui tentar uma parceria, e rolou! Uma ótima noite numa cama cheirosinha! Valeu! Perdi meu boné em caetité.



Aí caiu
Um cara muito louco pilotava essa bike!





19 de Abril, Caetité – Ibitira (50km, leve)
Estava disposto a fazer os 100km que separam as cidades de Caetité e Brumado, mas a fadiga não deixou. Mesmo depois de um senhor café da manhã, não rolou. Estava sentindo minhas panturrilhas travadas, duras. Sorte que no meio do caminho tinha uma cidadezinha, que nem tava no meu mapa. Ibitira. Logo de cara consegui um quarto de graça numa pousadinha... tomei um banho e dormi. Aí o dono me veio pedir pra trocar de hotel, pois a mãe dele não gostou da minha presença ali. Ele era dono de outro hotel ali perto. Ok. Lá nesse outro hotel, vi que ele estava com problemas com as antenas das TVs, um serviçinho muito mal feito fazia os cabos das antenas soltarem toda hora... Me prontifiquei e arrumei os cabos pra ele, com meu alicate e minha fita isolante.

Mais um cemitério no caminho.


20 de Abril, Ibitira – Brumado (50km, leve)
Foram mais fáceis que os 50 anteriores. Aí, que Brumado é uma cidade das grandes também... bem difícil pra quem depende da bondade alheia. Pousadinhas caindo aos pedaços e caras. Com muito custo, consegui fazer uma parceria com o Jorge, que me cobrou 20 reais por diária no quarto com ar condicionado (coisa inédita pra mim até então) e almoço e janta inclusos! Valeu muito a pena!
Ao chegar na cidade, fui procurar uma loja de bicicleta. Precisava de 2 pneus slick e um banco. Consegui um ótimo desconto em tudo, saiu 85 reais que eu passei no cartão de crédito, a fatura vai chegar aí em casa, ta bom mãe?!
A noite fui na festa agropecuária da cidade, fui andando mesmo. Ri um pouco lá, perdi 2 reais naquelas roletas de aposta com os nomes dos times e voltei pra pousada. E quem disse que eu tinha a chave? Tava tudo fechado e ninguém atendia aos meus gritos. Fui ligar no telefone do letreiro e nada... já estava me preparando pra dormir na calçada, quando fui ao posto de gasolina e pedi o celular do frentista emprestado. O cara foi super gente fina e emprestou e o Jorge atendeu! Ufa!  Dormi na cama com o ar condicionado no máximo.





21 de Abril, Im only sleeping
Acordei cedo, comi e dormi. Almocei e dormi. Mais tarde saí pra dar uma volta. Conheci uns mototaxi e aí foi a perdição! Tomamos várias cervejas. Um cara chegou com um violão, aí que eu esfolei meu dedo tocando Raul seixas, eles realmente conheciam todas as músicas! Foi bom matar a saudade do violão. Cheguei tarde na pousada e perdi a janta.

22 de Abril, Cama e internet. Nada mais.



23 de Abril, Brumado – Algodões (52km, pesado)
Tinha várias coisas pra resolver na segunda feira em Brumado. Pegar o carrinho na empresa de ônibus, pegar uma encomenda nos correios, enviar 1,5kg de coisas pra Brasília e comprar um carregador de pilhas. Fiz tudo isso, menos a encomenda de Brasília que não chegou. Aí já eram quase meio dia quando fui sair da cidade. Não tinha pedalado nem 10km ainda quando parei pra tomar um pouco de água quente, bem na frente de uma casinha. As crianças ficaram mexendo comigo, e eu fui lá pedir água. Logo conheci o “Binho” . Trocamos umas idéias e ele quis me levar numa cachoeira que ficava perto dali. Topei. Estacionei a bicicleta no quintal da casa dele e fomos de moto. Ele tava no maior cheiro de cana! E demos um mergulho. Salvou do calor! Almocei com ele, em meio a gritos de sua mulher e sua mãe. E parti.
Passeando de moto com o Binho
Há uma diferença entre cachoeira e bica de água







No caminho vi que haviam muitas vilas, e eu logo quis projetar os filmes em uma delas... quando deu umas 5 da tarde, encostei em uma vila dessas. Dei a idéia do filme e me disseram que eu precisava falar com a Odete. Coordenadora da paróquia. Esperei um tanto até a Odete chegar e ela topou, me mostrou uma pracinha do lado da prefeitura que era perfeita pra eu passar o filme e passar a noite. Tomei um banho de balde meio escondido atrás da igreja e fui arrumar as coisas. A noite veio e os espectadores também.




Comecei projetando um curta meio lento: 10 centavos. Tinham poucas pessoas e vi que eles não gostaram muito do curta. Mas logo chegaram mais crianças e eu coloquei o curta: Procura-se. Adoraram! Riram muito! Mas uns menores não paravam quietos.. as vezes não dava pra escutar.  Depois projetei: sonhando passarinhos. Os menores que gostaram mais, mas não tinha muito do que rir... eles queriam era rir. Então ta:  Coloquei Jeca Tatu. Gargalhadas e mais gargalhadas, mas sem prestar muita atenção no enredo do filme.
Ao termino do jeca tatu, todo mundo aplaudiu. Eu falei um pouco sobre o filme e sobre o meu projeto. Aí eles pediram que eu colocasse o filme do cachorro novamente. Bis de Procura-se.

Terminou a sessão... legal, todo mundo foi pra casa e eu fui guardando as coisas. Logo fiquei sozinho na praça e armei a rede. Cheguei a pensar:
Poxa, eu aqui sozinho com uns 5mil reais em equipamentos...  Mas fui dormir






Ao terminar a sessão, as crianças pediram pra ficar na frente do projetor!









Estava quase pegando no sono quando chegam duas motos. “mas ele ta dormindo!”
Aí eu respondi e sai da rede:
-estou acordado.
Eram 5 caras em 2 motos. Um belo sanduíche ein... Um mais bêbado que o outro. Senti um clima de hostilidade no ar. Eles queriam ver o filme. Eu disse que já tinha acabado a sessão. Um deles eu não conseguia nem entender o que me dizia... Do nada, pegou uma pedra grande e lascou no chão da praça! Fez um belo de um buraco no concreto. Aí eu preocupei. Mas soube contornar a situação e despacha los. Quando eles foram embora um disse:
- pode ficar aí, de boa. Não vamos fazer nada não.
Acho que era a intenção inicial, me zuar, sei lá... aí, quem disse q eu dormi direito depois. Cada folha que o vento arrastava eu já pegava na faca (que estava na minha cintura). Mas a noite passou e eles não voltaram.
De saída em algodões
Algodões -  BA




Eu e minha mania de cemitérios, e sim.
a lente estava suja.
Dá pra reparar isso em muitas fotos.











Esqueci de contar uma passagem!
Estava em Goiás ainda, o dia em que dormi na beira do Rio Paranã... Tinham vários cachorros e tal... Aí que deu 2 horas da manhã, e me deu uma vontade tremenda de ir ao banheiro. E estava rodeado por cachorros! O dono da casa havia de dado um pau, para caso os cachorros estranhassem eu poderia sentar a vara! aí, coloquei a lanterna na cabeça e fui... Saí da rede já começaram uns a latir, os espantei com o pau e segui para a ponte. E eles vieram atrás. Do meio do mato surgiram mais dois, aí já tava uma algazarra. Com certeza acordei todos da vila! fui na ponte, fiz oque eu tinha que fazer e voltei. Aí que foi mais foda ainda... Mais cahorros! Eu dei umas porretadas em uns, e segui caminho. Consegui chegar na rede e eles foram acalmando. Menos um que ficou praticamente a noite toda latindo pra mim...

Isso aí, estou em Nossa senhora do Livramento, já pedalei mil e carvalhadas e amanhã o pedal vai ser pesaaado! 10 quilômetros! só que só de subida! vou me preparar pra empurrar a bike! E chego em Rio de Contas, onde pretendo ficar um dia lá de bobeira, conhecer umas cahoeiras.

sábado, 14 de abril de 2012

Ciclocine começou!

 
04 de Abril (Brasília – Chico10 133km, leve)


Dia 04 de Abril às 6 horas da manhã saí de casa. Sozinho e sem o carrinho reboque, pra poder fazer um certo treinamento no inicio desta viagem, sabendo que eu não estava com aquele preparo todo que o carrinho ia exigir.
Chico 10














Me saí ate bem no primeiro dia. 133km sem exigir muito ate o posto do Chico10, que gentilmente me recebeu em suas acomodações.
 
Primeira fronteira
Quase fiquei lá para o torneio de sinuca...


05 de Abril (Chico10 – Lanchonete Portugal 67km, leve)
No segundo dia, pretendia ir direto pra vila de São Jorge, pois lá ia pegar o carrinho com todo o equipamento, e descansar uns dias por lá.

Acontece que o banco novo estava me incomodando muito... cada vez mais... Mas segui assim mesmo. Parei na lanchonete Portugal, que fica ao pé da subida pra chegar em Alto Paraíso. Resolvi dar um mergulho no rio pra passar o calor e senti as nádegas ardendo! O atrito com aquele maldito banco de couro, duro, que custou 100 dólares, me arrancou a pele da bunda! Li em vários lugares que ele era o mais aconselhável pra fazer cicloturismo, mas não foi. Aí a solução foi pegar aquela carona básica com a Gabi até são Jorge, e lá cuidar do machucado e tentar arranjar outro banco.
A melhor função que achei para este banco até agora.

06, 07 e 08 de Abril (Descanso e passeios leves em São Jorge)
Ficamos 2 dias lá e visitamos algumas cachoeiras, vale da lua e raizama...  Não sabia ainda como ia conseguir outro banco. Estava com planos de deixar minhas coisas em são Jorge e voltar pra Brasília num bate volta só pra  comprar outro la  ou  qualquer um  em Alto Paraíso mesmo.Quando fui negociar com o Pedu, do Camping espaço flora, pra deixar minhas coisas lá,  me surgiu o Pedro, já o conhecia de outra viagem à são Jorge uns meses atrás, que me ofereceu o banco dele, pela módica quantia de 40 reais! Fechado! Consegui o banco de ultima hora, dos meia boca, calypso. E: Estrada!
Decidi enviar algumas coisas de volta, como o computador e as sapatilhas fechadas, pra ficar mais leve.


08 de Abril (São Jorge – Valdomiro 23km, pesado)
Fundos do rancho do Valdomiro
Já eram 2 da tarde quando eu parti de Sao Jorge, carregadíssimo! Saí com a intenção de ficar no rancho do seu Valdomiro,pra não ter que dormir em Alto. Me receberam lá com uma certa desconfiança, a gente saca isso... la deve ser a rota dos hippies sangue suga que habitam a região. Dei a idéia de projetar os filmes, que também não foi muito bem aceita. Ok. Ai deu 7h da noite, todo mundo foi embora e eu fiquei lá sozinho, foi uma noite longa. Mesmo sem saber  toquei gaita pra lua cheia. 












09 de Abril (Valdomiro – Isaura 63km, pesado)
A bicicleta caiu e quaaase quebrou a peça que engata o carrinho
Saí junto com o sol, sem tomar café da manhã, cheguei em alto. Passei batido, comprei um óculos escuros (pois os meus ficaram em algum lugar lá na cachoeira Raizama) e estava seguindo para Terezina – GO, mas peguei informações e achei melhor enfrentar a estrada de terra pra cortar o caminho pra Nova Roma, e depois: Posse. Eram mais de 120km só de terra, e lá fui eu com os pneus inadequados, fiquei com preguiça de trocar. Fui com um 1.50 na frente e um 1.25 atrás. No total desse dia pedalei 63km. Sendo somente 20km de asfalto e o resto terra, areia, lama, subida e mais subida. Acampei na casa de Dona Isaura, e lá sim fui bem recebido! Mas eu estava tão cansado que nem propus a idéia de passar o filme. 
A garupa dianteira não durou uma semana da viagem.

Estava montando minha barraca na casa de dona Isaura, quando chega um cara de moto perguntando se aquele cadeado que estava no meio da estrada era meu, verifiquei e vi que era. Aí ele disse que estava logo ali, pra eu ir lá pegar. já estava com a bicicleta leve então fui atrás, mas não achei e voltei. Aí pedi pra ele ir lá pegar, que eu dava uma gorjeta...  ele ficou me olhando parado... aí eu falei: 4 reais! Ele deu um pulo e foi rapidinho....

Desisti de ir pra terra ronca, ia dar uma volta imensa, até ai tudo bem. O que me fez desistir foi a falta de grana mesmo... o orçamento ta muito apertado e não ia ter grana pra fazer nenhum passeio lá... cidades turísticas são sempre muito caras.
Realmente, alumínio não é o material adequado pra fazer oque eu faço.
































10 de Abril, (Isaura – Rio Paranã, 52km, pesado)
 foram mais 52km de lama e mais lama! Mas sem tantas subidas. Demorei mais de 5h pra fazer 42km de terra. Caí em alguns mata burros com o carrinho, e tomei carreira de uma boiada! O coração veio no pescoço! 
 Peguei um atalho pra chegar direto em Iaciara sem ter que passar em Nova Roma, por dentro das fazendas. Massa! Parei num bar na beira do rio Paranã, cheguei lá na hora da chuva, fui cercado por uns 8 a 10 cachorros que latiam incessantemente ate que um me mordeu o calcanhar ,ai eu apelei! Não tinha ninguém por ali... fiquei sentado na cadeira esperando. Logo alguém acordou e fui recebido, armei a rede. Falei dos filmes, que queria projetar um filme do mazzaropi, eles até conheciam, um cara se interessou mais... mas sem sucesso “é que eu durmo cedo” e outras desculpas... mais uma noite sem projeções. O povo vai ver novela!!! Poxa... 










11 de Abril (Rio Paranã – Iaciara 28km, pesado)
Foram apenas 28km ate a cidade de Iaciara, o pneu do carrinho furou, eu pensei que isso não fosse rolar tão cedo, mas furou. Cheguei na cidade e não fui almoçar, descolei onde dormir a 10 conto e fui tomar uma cerveja com são João da barra. Fiquei alegrinho e vi um atropelamento. Uma moto dessas que rebocam botijão de gás atropelou um menino de bicicleta e jogou o coitado pra cima, a roda virou um 8 e o menino ficou super assustado. Todo mundo ria dele, fizeram aquela algazarra. Acalmei o e fui com ele até sua casa, deixar a bike.




12 de Abril (Iaciara – Rosário 68km, 38km pesado e 30km leve)
38km de terra até Posse, mas não tinha lama! Ufa! :D
Em Posse fui logo atrás de despachar o carrinho, já que não fiz nenhuma projeção até agora, e as cidades que vem a frente são maiores, resolvi despachar o carrinho pra Brumado – BA, distante uns 530km de posse. Assim posso passar pela BR349 rápido, pois são uns 200km sem naaada!
Noite fria em Rosário
Sabia que iria ter dificuldades pra despachar o carrinho, pois eles sempre pedem a nota para enviar. Dito e feito, sem nota não dá...  conversei, expliquei do projeto e pronto! Ta feito! E o cara ainda me cobrou bem barato pelo serviço, 30 reais.
Daí comi uns pães de queijo e peguei estrada, 30km até o povoado de Rosário, bem na divisa de GO e BA. Já eram 4:30 da tarde...
No caminho, um cara com uma motinha POP100 encosta do meu lado, estava numa descida, não quis perder o embalo e segui. Ele veio e perguntou:
-Não é você que foi de bicicleta para o Peru?
Fiquei impressionado com o reconhecimento do meu trabalho! No meio da BR020!
Aí ele me explicou que havia vendido uma câmera fotográfica pra mim antes dessa viagem.
Já era noite quando cheguei em Rosário, não ta nem no mapa! Comi um PF de 7,50 e fui descolar onde dormir... Os hotéis todos muito caros, cheguei ao posto de gasolina e fiz amizade com uns caminhoneiros. Ficamos até altas horas conversando, falando borracha e uns tomando cachaça. Armei a rede no posto e fui dormir, com o passar da noite foi ficando mais frio... mais frio... coloquei todas as roupas que eu tinha, mas mesmo assim não foi suficiente. Passei um frio desgramado! Nem dormi direito...










13 de Abril (Rosário – Posto BR349 113km, leve)
Estava decidido que iria fazer os 200km até Correntina, mas no caminho vi que não ia dar, estava com muito sono! Parei 2 vezes pra dormir na rede. A estrada realmente dá sono, só um retão sem fim... cheguei no posto que fica no meio do caminho, e tinha uma pousada. Consegui um quarto e um PF por 20 reais, massa! Assim me sobraram 12,00.

14 de Abril (Posto BR349 – Correntina 102km, leve)
Já sabia a pedreira que ia ser, igual ao dia de ontem, mas agora sim com uma noite bem dormida. Tomei aquele cafézinho meia boca e peguei estrada às 6:30.  Poucas coisas pra comer, mas me virei com 4 maçãs 3 pães de queijo duros, granola e muito power gel, que ganhei de um apoiador. Mas sempre tudo muito plano, mantendo uma média de 23km/h. No finalzinho começaram as subidas e descidas, tava até com saudades... Mas logo cheguei na cidade, fui direto a lotérica ver se tinha pintado mais um troco, e já passava do meio dia, estavam todas fechadas. Aí, to aqui sem grana nenhuuuuma... gastando só no cartão de crédito... prometi pra mulher do hotel que pagaria ela na segunda, assim que as lotéricas abrissem.














É isso aí, até agora foram 670km em 13 dias de viagem, está mais acelerado do que o previsto. Tudo bem, quando resgatar o reboque e chegar na chapada e no litoral deve demorar mais... Pedalei 7 dias seguidos, usualmente faço 3 dias de pedal e 1 parado... Pois bem, por isso vou ficar aqui em correntina de pernas pro ar amanhã, no máximo vou ali nas: 7 ilhas, que me disseram que é bonito.

Beijo!